Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Desconhecimento dos Economistas no Mundo

5 de março de 2013
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , ,

A magnífica coluna do professor Delfim Netto de hoje no jornal Valor Econômico mostra a necessidade de maior humildade por parte dos economistas, que pouco sabem sobre os efeitos dos instrumentos que utilizam na execução da política econômica, tanto no Brasil como nos Estados Unidos e na Europa. Outro artigo da Yuriko Koike, do Partido Liberal Democrata do Japão, atualmente no governo tendo como primeiro-ministro Shinzo Abe, desejando implementar a chamada Abenomics, também mostra os resultados diversos que estão colhendo naquele país, apesar de perseguirem um aumento da inflação para o nível de dois por cento por ano, como está no seu artigo publicado no Project Syndicate com o irônico paralelo com a eleição do Papa, que sugere que a economia passou a ser como a religião, mais uma questão de crença do que de conhecimento pseudocientífico.

Delfim Netto cita as manifestações do Open Market Committee do FED norte-americano e do Monetary Political Committee do Bank of England que indicam que estamos num território totalmente desconhecido, quando se supunha que a teoria monetária aperfeiçoada por 250 anos tinha a capacidade de controlar a economia, ainda que com algumas demoras. E permitiram que patifarias fossem efetuadas pelas autoridades com os dirigentes de instituições financeiras que receberam substanciais ajudas, tornando-se mais que milionários, a custa dos pequenos poupadores. Sempre se alimentou a ideia que os mercados eram “perfeitos, moralmente administrados e seguramente autorregulados”.

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Delfim Netto                                                         Yuriko Koike

Recorda-se que os norte-americanos introduziram a chamada “quantitative easing”, conseguindo desvalorizar o dólar procurando tornar-se competitiva no mercado internacional. O mesmo está acontecendo na Inglaterra e no Japão, como a proposição era crível, mesmo antes que a nova política monetária fosse posta em prática, já houve uma desvalorização do yen acima de 20%, sem que a inflação se elevasse.

A nova economia, onde todos estes dados estão variando muito rapidamente, está exigindo dos agentes econômicos como dos analistas uma nova postura, embora venha sendo adotada por muitos. Na realidade, o impacto dos aumentos dos custos de importação em decorrência do câmbio é um percentual baixo, pois as mercadorias chegam FOB porto por uma parcela insignificante do que é pago pelo consumidor final. Os problemas são os custos internos, principalmente nos varejos.

Um produtor entrega seus produtos nas cadeias dos supermercados por uma parcela insignificante, e só recebem depois de muito tempo. As editoras deixam os livros em consignação nas redes de livrarias, e só recebem pequena parte do valor da venda, depois de muitos meses.

Os analistas deveriam perceber o que passa a ser relevante é o custo da mão de obra, que afeta desde os agricultores, industriais até todos os intermediários e transportadores, chegando até o varejo. Os aumentos dos salários mínimos afetam a todos, subindo por toda a pirâmide, inclusive dos que se encontravam no mercado informal, como empregadas domésticas e diaristas.

Este aumento de salário real que parece mais relevante está forçando alterações tecnológicas em muitas atividades. Por exemplo, na construção civil são notórios os aperfeiçoamentos visando a redução dos custos dos salários, com o emprego de materiais pré-fabricados e adoção de tecnologias mais avançadas nas montagens dos edifícios.

Os que apresentam menores velocidades de aperfeiçoamentos são nos serviços, como de restaurantes e hospitais, que além de intensivos em recursos humanos necessitam de pessoal qualificado, que nem se dispõe em quantidade elevada.

Parece que os economistas e demais analistas necessitam fazer profundas mudanças nos seus conhecimentos para acompanhar todas as mudanças que estão se acelerando no atual mundo globalizado. O que parecia verdade há alguns anos vem se mostrando ineficaz para entender o que está acontecendo, e para projeções com relação ao futuro.

Outras complicações políticas e exigências de sustentabilidade, de preservação do meio ambiente, os cuidados com relação à saúde e a educação complicam o quadro, que não se sustenta nos simplificados triples, mas refletindo um cenário muito mais complexo, como sempre foi a realidade.



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