Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist Publica Sobre os Riscos Chineses

8 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Reconhecendo que a China desempenha um papel importante no mundo, The Economist e outros veículos de comunicação social de importância, como o Nikkei Asian Review, se preocupam com as necessidades de descentralização política naquele país.

Foto mostrando os componentes da classe média chinesa, publicada no artigo do The Economist

The Economist publica no seu site uma série de matérias sobre a China que deve estar impressa no seu número deste fim de semana, entre elas uma espécie de resumo mostrando que em 2000 estimava-se em 5 milhões os componentes da classe média chinesa, definida como aquela que tinha entre US$ 11.500 a US$ 43 mil de renda por ano. Hoje, já estaria estimada em cerca de 225 milhões o que seria, no mínimo, o dobro da brasileira antes da atual crise, sempre estimada por critérios que podem ser questionados.

Nos processos de desenvolvimento econômico, é natural que na medida em que a população melhora de condição de vida, amplie as suas aspirações por mais democracia política. Ainda que a China venha mantendo, principalmente com Xi Jinping, uma linha dura para a centralização política, vão surgindo indícios que ela não pode ser uma exceção para continuar crescendo sem maiores descentralizações políticas.

Um artigo publicado por Katsuji Nakazawa, no site do Nikkei Asian Review, informa que parece ter surgido na China um dark horse disputando um dos cargos no Politburo chinês, cujos sete novos membros devem ser confirmados em outubro próximo. Ele apresenta todas as condições de pretender a sucessão de Xi Jinping, como membro da poderosa facção de Zhejiang. Muitos sabem que o atual presidente chinês veio esmagando outras facções como os ligados com os anteriores presidentes Jiang Zemin e Hu Jintao acusando-os de corrupções, mas que geram oposições evidentes em muitos setores.

O que parece evidente é que a China não consegue mais controlar os muitos dissidentes que utilizam os mais variados meios de comunicação hoje disponíveis, não havendo mais condições de controle rígido como havia no passado, nem dentro do Partido Comunista que ainda monopoliza o poder. Além da expansão da classe média, há um sensível aumento dos chineses no exterior, notadamente daqueles que emigraram para as diversas partes do mundo, conseguindo grandes fortunas. Até Xi Jinping foi beneficiado pelos chineses que enriqueceram na Indonésia e que continuam mantendo interesses no país.

Mesmo que não se espere que os chineses adotem o regime democrático do tipo ocidental, que apresenta visíveis problemas como os verificados na Europa, começando pelo Reino Unido, algum tipo de descentralização possivelmente será indispensável, bem como assegurar o direito à propriedade. Os asiáticos sofrem fortes influências do sistema proposto por Confúcio, que dá grande importância à hierarquia, mas acaba tendo que sofrer aperfeiçoamentos para permitir a administração de um país tão complexo como a China atual.

O artigo do The Economist informa que a nova classe média chinesa se preocupa com os problemas da saúde no país, como todas as demais necessidades sociais, além de seguranças com relação aos seus patrimônios, que poderiam ser afetadas pelas autoridades, notadamente regionais. Somente uma sociedade democrática pode absorver todas estas naturais tensões, mesmo que tenha também os seus problemas. Como costuma afirmar o professor Delfim Netto, apesar destas dificuldades, continua sendo o único regime que permite associar o desenvolvimento com a natural aspiração pela liberdade dos seres humanos.



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