Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Complexo Problema da Comunidade Europeia

5 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

Numa entrevista que concedi para o Ocidente Subjectivo, um site mantido por acadêmicos europeus, entre outros assuntos fui questionado sobre a minha opinião acerca das causas que provocaram os problemas atuais do euro. O meu ponto de vista de que as condições não determinavam uma zona ideal para uma moeda única acabou sendo confirmado por um dos que colaboraram na criação do euro, Jacques Delors. Numa entrevista concedida para o The Daily Telegraph, ele, que foi o presidente da Comissão Europeia entre 1985 e 1995, conforme consta do site da Folha.com sob o título de “Ex-chefe da Comissão Europeia diz que zona do euro nasceu defeituosa”.

Mesmo com a intensa preparação desde a anterior Comunidade do Carvão e do Aço, todos sabiam que as economias dos países da Europa apresentavam condições muito diferenciadas, havendo necessidade de uniformizar razoavelmente as suas economias, não só do ponto de vista monetário e fiscal, mas produtivo. Entre as comparações das vantagens e desvantagens, optou-se pela criação do Mercado Comum Europeu e da adoção do euro, admitindo-se que os países em melhores condições deveriam ajudar os mais desfavorecidos.

Um longo período de orientação predominante de economia do bem-estar social na maioria dos países europeus fez com que eles contassem com benefícios superiores aos correspondentes às suas diferentes produtividades e capacidade de arcar com os seus encargos. Margaret Thatcher já apontava, com sua posição sempre rigorosa, que os ingleses pretendiam salários de alemães com produtividades bem inferiores. E mesmo que no Reino Unido não tenha aderido ao euro, hoje, os efeitos das dificuldades europeias atingem aquele país.

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Margaret Thatcher, Jacques Delors, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy

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Petrobras Chama Atenção de Empresários Japoneses

2 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Empresas, Notícias, webtown | Tags: , , , ,

* Publicado originalmente na Revista Brasil, da Câmara de Comércio Brasileira no Japão

O presidente José Sergio Gabrielle de Azevedo, da Petrobras, fez uma brilhante apresentação no almoço promovido pela Câmara de Comércio Brasileira no Japão (CCBJ), no dia 7 de novembro, nas dependências do luxuoso Hotel Península, em Tóquio. Observadores experientes das relações entre o Brasil e o Japão avaliaram o evento como dos mais expressivos no relacionamento bilateral recente entre os dois países.

A Petrobras vem apresentando aos empresários, notadamente dos grandes grupos japoneses, os dados de sua performance recente, bem como os arrojados programas para os próximos anos, criando grandes oportunidades tanto para os investidores como fornecedores internacionais. Isto já aconteceu na própria Câmara de Comércio, nas dependências do JBIC (Japan Bank for Internacional Cooperation) ou em Salvador, Bahia, quando empresários brasileiros se reuniram com os japoneses.

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As empresas japonesas relevam a disposição de participar deste programa considerado entre os mais promissores do mundo emergente, que ganha uma importância maior no cenário mundial. Muitos já conhecem o que vem acontecendo no Brasil, especialmente os que acompanham atentamente os assuntos relacionados com o abastecimento vital de energia. Na palestra recente de José Gabrielli, houve um dado que impressionou os participantes, como o expressivo aumento dos componentes produzidos no Brasil nos equipamentos utilizados pela Petrobras. Isto demonstrou aos empresários japoneses a necessidade de ampliar suas produções no Brasil para continuarem competitivos.

Muitos estão se apressando para acelerar seus projetos no país, não só para aproveitarem as oportunidades geradas pelo pré–sal como visando o fornecimento para outros grandes projetos brasileiros, como os relacionados com a Copa do Mundo e as Olimpíadas.

Muitos japoneses já se mostram sensíveis na participação de projetos, que implicam em pesquisas adicionais a serem efetuadas no Brasil. A comparação com o que fazem os grandes grupos internacionais, que já aderiram aos trabalhos como os que estão feitos na ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, mostram que os grupos japoneses estão atrasados em comparação com os grupos internacionais.

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Na plateia alguns empresários se mostravam impressionados com a presença de importantes líderes da comunidade empresarial japonesa no evento, demonstrando os elevados interesses das empresas internacionais nos projetos brasileiros. Um dos novos participantes destes almoços da CCBJ, notando a importância do evento, perguntou-me se tais reuniões eram frequentes, revelando o seu interesse em participar de outros que lhe permitiria estabelecer contatos com os responsáveis pelos grandes projetos brasileiros.

Eventos desta natureza, que contribuem decisivamente no aumento do intercâmbio bilateral do Brasil com o Japão de forma efetiva e objetiva, poderiam ser multiplicados, além dos que já vêm sendo realizados. Mostra que a Câmara de Comércio está desempenhando um papel de grande importância nestas relações. Sempre é possível aperfeiçoar estas interessantes iniciativas, como propiciar uns espaços maiores para o relacionamento dos participantes que se mostravam ávidos a aprofundar ou estabelecer novos contatos iniciais.

Outras entidades similares, mundo afora, vem desempenhando papéis importantes no estímulo ao intercâmbio com a participação ampla, pois o mundo globalizou-se e todos participam juntos com outros grupos dos grandes projetos como os da Petrobras.

Outros dirigentes brasileiros importantes como os da Vale, da Embraer, do Banco do Brasil, do BNDES e dos grandes grupos privados do Brasil com atuação internacional poderiam ser convidados para participar de eventos desta natureza, pois nota-se o forte interesse dos japoneses estabelecerem relacionamentos com estes grupos, montando até consórcios para participarem de alguns grandes projetos brasileiros.

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Dificuldades das Consultorias Econômicas

30 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Parecem pertinentes as reclamações sobre as análises efetuadas pelas consultorias econômicas, principalmente quando elas ousam efetuar projeções futuras, diante das divergências como as que acabam acontecendo quando o futuro já virou passado. Isto, apesar dos avanços da teoria econômica, das facilidades da informática e de sofisticados instrumentos estatísticos disponíveis. Um reconhecido e experiente profissional como o professor Antonio Delfim Netto afirma sempre que o futuro é opaco, podendo ser influenciado por fatores imprevisíveis. E existem os que afirmam que até o passado nem sempre é muito seguro, apresentando revisões nos dados históricos, principalmente no Brasil.

Mas também existem imprecisões que poderiam ser melhor alertadas e que nem sempre merecem a atenção devida dos muitos profissionais que atuam no setor atualmente. Poucos conhecem as metodologias que são utilizadas para a coleta e elaboração de muitos dados, que chegam a ser meras aproximações do que se pensa refletir a realidade, que estão sendo aperfeiçoados no tempo. Muitas são amostras que não foram tecnicamente elaboradas, com todos os cuidados indispensáveis para melhor expressar a evolução de algumas realidades, sendo somente parciais. Mesmo os censos ainda são precários e nem sempre realizados com a regularidade desejada, apesar dos esforços dos organismos encarregados das estatísticas.

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O IBGE é o órgão central dos levantamentos estatísticos e a Fundação Getúlio Vargas elabora muitos indicadores de preços

Muitas estatísticas são elaboradas a partir de informações prestadas pelas empresas e pelas famílias, que não as consideram importantes, e costumam apresentar vieses decorrentes, por exemplo, das sonegações fiscais. Elas são coletadas, normalmente, pelos órgãos responsáveis pelas estatísticas dos municípios que nem sempre contam com pessoal especializado, e muitas vezes têm interesse na elevação de alguns números, como os que refletem a população, pois muitos dos recursos que lhes são repassados se baseiam neles. Depois, costumam ser agregados ao nível dos Estados, que contam com limitações orçamentárias e finalmente são globalizados para o país todo. Todos os estudantes deveriam conhecer os seus processos de elaboração para se conscientizarem de suas limitações bem como aperfeiçoamentos metodológicos constantes.

Muitos dados são feitos por amostragens incapazes de refletir as mudanças dinâmicas que vão ocorrendo na economia, baseando-se em números que refletem uma posição estática do passado, mesmo que alterada periodicamente. Outros são coletados somente nas capitais ou outras cidades importantes, como os que deveriam refletir a evolução dos muitos índices de preços, cujas metodologias nem sempre são conhecidas nos seus detalhes pelos profissionais que as utilizam. Baseados em orçamentos familiares, muitas vezes são meras amostragens incapazes de contar com a precisão desejável, sendo o que se chama tecnicamente como “proxies” da realidade, ou meras aproximações.

Vamos tomar, por exemplo, os dados relativos à evolução da produção da pecuária. Normalmente, os dados estatísticos de muitos frigoríficos não são precisos, lamentavelmente, diante da sonegação dos dados efetivos. As variações do rebanho deveriam ser medidas, sendo mal feitas mesmo nos censos por limitações orçamentárias. O usual acaba sendo uma intra e extrapolação dos dados que não estão disponíveis. Houve períodos em que as estatísticas refletiram um crescimento contínuo da produção animal e com taxas fixas por um longo período longo.

Alguns municípios contam com limitados números de agentes estatísticos que são responsáveis pelos dados demográficos, de saúde, de educação, da produção industrial, do comércio, da agropecuária como das produções extrativas e minerais. Eles não são super-homens com conhecimentos abrangentes de todos estes setores. As estimativas de safras chegaram a ser elaboradas por um funcionário que dava uma “espiada” geral, no panorama que lhe era possível na sua região, para dizer que neste ano ela cresceria ou decresceria tanto por cento.

Há uma hipótese estatística dos grandes números que supõe que os erros se compensam, mas a tendência sentida pelos mais experientes profissionais é que existem vieses sistemáticos num certo sentido, em muitos dados.

Com os meios hoje disponíveis da informática, muitos dados poderiam ser mais precisos e, no entanto, os chamados “indicadores antecedentes”, como as vendas de materiais de embalagem, carteiras de pedidos e outros não estão merecendo a atenção devida, fazendo com que muitas consultorias apresentem estimativas de evolução da produção, dos preços e juros que sejam convenientes para os seus clientes, infelizmente, baseados em dados que apresentam alguns atrasos significativos. Muitas hipóteses utilizadas não estão explicitas.

Quando existem mudanças de tendências como as que vinham ocorrendo intensamente no passado recente, passando de uma conjuntura ascendente de atividades econômicas mundiais e pressões inflacionárias elevadas para uma depressiva e redução de muitos preços, se tomados somente as informações passadas, certamente vão ocorrer distorções que nem sempre são alertadas.

No passado, o Banco Central do Brasil expressava algumas de suas observações para o chamado “mercado”, na tentativa de contribuir na formação das expectativas, que retornavam para as autoridades monetárias na forma do atendimento das pesquisas para elaboração do relatório “Focus”. Esta relação poderia gerar situações complicadas que ajudaram a manter os juros elevados, diante de expectativas inflacionárias altas, que não se devem somente as indexações persistentes em muitos serviços públicos.

Hoje, com a direção atual do Banco Central formada somente por profissionais de carreira, capacitados a captarem as tendências com maior precisão, como a persistência da crise mundial por um prazo mais longo, sente-se que o “mercado” acaba refletindo as expectativas de inflação decrescente, acompanhando as autoridades, depois de um curto período de acusações que elas estavam cedendo às pressões política, perdendo a sua independência.

Muitas instituições privadas dispõem de amostras suficientemente grandes dos seus clientes sendo portadores de informações sobre as tendências dos mesmos com relação ao futuro próximo. No entanto, acabam sendo informações de uso privativo. Com os instrumentais hoje disponíveis, as autoridades de diversos setores podem contar com dados mais precisos, com a rapidez necessária, como os que já foram utilizados no passado, sem nenhuma sofisticação técnica.

Observando-se o que acontece em muitos países, quando todos trabalharem com dados mais precisos, as possibilidades de acertos da arte da política econômica acabam se elevando, ajudando no aumento da eficiência de todo o país, tanto em benefício da produção como dos consumidores que são vitais em qualquer economia, e, com maior transparência, as distorções de muitas consultorias poderiam ser minimizadas.


Respeitável Produção Acadêmica da FEAUSP

29 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Acabou de ser lançado pela Editora Saraiva “O Brasil e a Ciência Econômica em Debate”, compreendendo o primeiro volume com o título “O Brasil do Século XXI” e o segundo volume com o título “O Estado da Arte em Economia”. Ambos foram coordenados pelo professor Antonio Delfim Netto e organizados pelos professores Pedro Garcia Duarte, Simão D. Silber e Joaquim J.M.Gulhoto. Os artigos constantes destes livros correspondem aos trabalhos apresentados nos seminários que vieram sendo efetuados no Departamento de Economia da FEA-USP desde 2007, que chegam próximo a 50 sessões supervisionadas pelo professor Delfim Netto. Todos os artigos foram discutidos nos seminários e sofreram à apreciação crítica de dois outros economistas e exigiram imensos trabalhos para chegarem à forma adequada para a sua publicação, que demandou um bom tempo.

Todo este trabalho exigiu um cuidadoso processo de revisões e alguns artigos podem sofrer as limitações dos profundos aperfeiçoamentos que estão ocorrendo recentemente nos conhecimentos econômicos, diante das crises que afetam o mundo e acabam exigindo novas colocações. Mas todos merecem as mais profundas considerações por tratarem de temas que permitem uma visão mais abrangente, como sempre foi a marca da FEA-USP. Lá, convivem acadêmicos que adotam variadas posições, com suas visões que podem ser completadas pelos leitores com novas leituras, permitindo uma compreensão humanística, que não se restringe às especializações econômicas.

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Todo este processo visou aproveitar a experiência do professor Delfim Netto, não só decorrente de sua constante leitura das contribuições acadêmicas mais atualizadas em todo o mundo, como de sua aplicação no exercício da política econômica brasileira, bem como análise do que vem ocorrendo em outras partes do mundo, bem como em todo o universo globalizado.

Com o espírito jovem, aberto e pragmático do professor Delfim Netto, os seminários ganharam a contribuição de um colega como dos muitos doutorandos e outros que conquistaram títulos acadêmicos recentemente, tendo enriquecido seus cabedais em muitas instituições do exterior. Mas a prova do pudim é quando se come, como ensinava Joan Robinson, e é na aplicação na complexa realidade é que vai se avaliar a validade de algumas teorias, com a honestidade do profundo conhecimento dos instrumentos que estão sendo utilizados, como a econometria.

Sempre se deu importância na FEA-USP aos conhecimentos da história e da geografia, e mais recentemente compreende-se que as hipóteses da racionalidade dos comportamentos humanos só atendem a uma parte da realidade. Nem sempre uma exagerada sofisticação teórica é mais útil na compreensão dos fenômenos econômicos, sujeitos às restrições políticas, do tipo da urna, corrigindo os exageros das colocações econômicas.

Estes livros devem ajudar estudantes, acadêmicos e analistas para o aguçamento dos seus espíritos críticos, mostrando que existem visões que podem apreciar os fenômenos de ângulos que nem sempre foram percebidos. Devem ajudar a enriquecer também nas elaborações teóricas, que sempre necessitam da observação da realidade, sem a pretensão que os esquemas lógicos abarquem a complexa sociedade dos seres humanos, que possuem limitações objetivas, ainda que devam aspirar melhorias sensíveis no bem estar de toda a humanidade e do ambiente que os cerca, que deve estar sempre preocupada com a sustentabilidade.

Evoluiu-se muito no conhecimento, mas ainda existem amplos campos a serem aprofundados, pois as crises recentes vêm mostrando que as exageradas pretensões de muitos acadêmicos levaram o mundo a muitos desastres. Parece recomendável, acima de tudo, a humildade, pois nunca existiu teste estatístico que aceite as hipóteses levantadas, mas somente as que não as rejeitam, diante de dados que procuram expressar a realidade, mas também contam com suas limitações.


Assuntos que Estão por Trás da Decisão Sobre a Usiminas

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

O jornal Valor Econômico publica hoje na sua manchete principal a solução que foi alcançada na disputa pela Usiminas, que começou com a pretensão hostil da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional, comandada por Benjamin Steinbruch, de assumir o seu controle. No fundo, a CSN teria a vantagem de absorver a tecnologia que a Nippon Steel transferiu para a Usiminas, quando a CSN conta atualmente com uma menos sofisticada, concentrada em produtos básicos. A Usiminas tem capacidade de produzir aços como os utilizados pela indústria automobilística, que continua evoluindo para fazer face às concorrências das fibras de carbono e materiais plásticos utilizados nas indústrias automobilísticas, que procuram usar menos combustível com um peso mais leve.

A Techint tem o seu braço siderúrgico com a Ternium, que já tem uma joint venture com a Nippon Steel no México, estando acostumada com a cultura desta tradicional siderurgia japonesa nascida da fusão da Yawata e da Fuji, que continua tendo elevada importância no cenário empresarial do Japão. Com a fusão da Nippon Steel com a Sumitomo Metals, ela deve voltar a ser a segunda no mundo, atrás da AcelorMittal indiana, superando a Posco coreana, bem como a Bao Steel chinesa.

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Cargas da Imprensa Norte-Americana Sobre os Chineses

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 5 Comentários »

Observando dois artigos reproduzidos no Valor Econômico, um do The Wall Street Journal e outro do Bloomerg/ Businessweek, fica-se com a impressão da existência de uma verdadeira campanha norte-americana subliminar destacando eventuais problemas, ainda que diferentes, enfrentados pela China. Sempre que o quadro internacional torna-se mais problemático, é natural que um polo dialético seja ressaltado, e com os Estados Unidos e a Europa enfrentando graves dificuldades, a candidata natural acaba sendo a China. Subliminar, pois os assuntos levantados são banais, mas acabam sendo ganchos para criticar o estado atual das coisas na China.

No Wall Street Journal, o jornalista Jeremy Page escreveu o artigo cujo título acabou sendo traduzido por “Crescem críticas às regalias da elite política da China”. Relata-se que um jovem filho de Bo Xilai, o líder que procura ressaltar os valores da época de Mao Tsetung, teria uma participação retumbante num evento nos Estados Unidos, como indicação dos privilégios de descendentes de alguns líderes chineses. No Bloomberg/Businessweek, os jornalistas Dexter Roberts e Jasmine Zhao, no artigo que recebeu o título “Ricos chineses buscam refúgio em países seguros”, informam sobre as transferências de algumas famílias chinesas ricas para o exterior.

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Um Projeto Nacional Para o Brasil

28 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , ,

Vale a pena refletir um pouco sobre uma entrevista concedida por Paulo Cunha, destacado empresário brasileiro, presidente do Grupo Ultra, terceiro faturamento privado do Brasil, publicado na Folha de S.Paulo de domingo. Acrescente-se a isto o que expressam outros importantes empresários, como as entrevistas que foram selecionadas pela Carta nº 495 do IEDI – Instituto de Estudos do Desenvolvimento Industrial sobre a atual crise mundial e a indústria brasileira. Incluia-se um importante pronunciamento feito na semana passada pelo empresário Jorge Gerdau Johanpeter que procura ajudar o atual governo federal brasileiro afirmando que não há possibilidade de governabilidade com tantos ministérios. Com tudo, parece possível chegar-se a uma conclusão que se sente a carência de um Projeto Nacional razoavelmente consensual para o Brasil, mesmo que exista um plano governamental federal e diversas entidades que procuram subsidiar o governo federal na direção deste objetivo.

Muitos expressam suas insatisfações, mostrando que não se sentem solidários com o plano que já existe, mesmo que reconheçam alguns dos seus méritos. Não se sentem participantes da elaboração do mesmo, nem concordam completamente com a gestão governamental que vem se efetuando. Evidentemente, nenhum plano tem a possibilidade de satisfazer a todos, mas parece de toda conveniência que se procure um mínimo de solidariedade dos empresários a um Projeto Nacional e que toda a população saiba qual a estratégia que vem sendo perseguida pelo governo para superação da maioria das dificuldades atuais da economia brasileira, de forma a se posicionar corretamente nas tendências futuras do Brasil.

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É evidente que a presidente Dilma Rousseff recebeu na sua eleição um mandato para estabelecer uma política condizente com o que expôs durante a sua campanha eleitoral, procurando o desenvolvimento sustentável e possível com a estabilidade de sua economia, dando prioridade para a melhoria social de sua população mais modesta. E que a crise mundial atual provoca uma necessidade de constante adequação pragmática de suas metas, que é sentida de forma diferente pelos diversos setores da economia. Reconhece-se que existe pouca funcionalidade no seu sistema político-partidário brasileiro com as aspirações nacionais, inclusive de relacionamento do Executivo com outros segmentos da administração pública, como o Legislativo e o Judiciário. E que se trata de um sistema federativo, com o poder partilhado com os Estados e os Municípios, onde a execução da política de desenvolvimento depende fundamentalmente do setor privado, ainda que num mundo onde o Estado necessite criar as condições para manter a sua competitividade internacional.

Parece que a maioria da sociedade brasileira aprova o início da atual gestão da presidente como a comandante máxima do país, como indicam as pesquisas de opinião pública. Mas parece que a sociedade brasileira aspira por impostos menos pesados, juros mais baixos, câmbio mais ajustado, serviços públicos mais eficientes, notadamente no atendimento das necessidades de saúde, educação e previdência, melhores infraestruturas, desenvolvimento tecnológico para proporcionar condições competitivas com outros países emergentes nos setores produtivos entre outros aspectos.

É evidente que um Projeto Nacional não é um santo milagre e a sua execução necessita contar com uma pragmática flexibilidade, pois as condições internacionais estão em constantes e fortes mudanças. Mas deve-se reconhecer que a sua discussão pode ajudar a aglutinar importantes segmentos da sociedade brasileira, mesmo que não seja consensual e sempre desperte oposições. Todos se sentiriam mais confortáveis sabendo o que se persegue, de que forma e quais os instrumentos que serão utilizados para se atingir os seus objetivos. Que tudo está em muitos documentos e posicionamentos, não há dúvida, mas sempre algo organizado e consistente poderia ajudar na procura de uma maior eficiência dos resultados, utilizando os recursos humanos, naturais, tecnológicos, e demais recursos disponíveis. Hoje, se reconhece que o mercado não é capaz de resolver todos os problemas mais complexos, muitos que exigem pesados investimentos por longos períodos, como a preparação dos recursos humanos para os desenvolvimentos tecnológicos.

Tudo indica que o Brasil já dispõe de uma política externa mais clara, como a expressa pela presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral das Nações Unidas. Parece útil organizar a sociedade brasileira internamente, desde os setores primários, industriais e dos serviços, inclusive do setor público para enfrentar os desafios que se apresentam no momento, que se agravam num cenário externo que vai demandar muito tempo para ficar mais claro. A ampliação do mercado interno que se tornou mais estratégica exige melhores empregos e a geração de renda para um processo sustentável, sem agravar as pressões inflacionárias e os endividamentos públicos.

Todos reconhecem que o Brasil dispõe de muitas condições favoráveis, mas ainda estamos longe do que já alcançaram outros países emergentes em alguns setores. Um claro diagnóstico da situação em que nos encontramos e as nossas limitações permitem que todos os setores tenham melhores condições para enfrentar os desafios existentes, inclusive com ajuda externa, num intercâmbio sadio, respeitando as opções que são tomadas pelos outros países na perseguição dos seus objetivos nacionais.

O quadro atual não permite os desperdícios de recursos que ainda estão ocorrendo, e exigem a concentração das atenções em alguns objetivos estratégicos, com um claro delineamento dos caminhos que podem ser traçados, ainda que de forma pragmática, diante das condições que continuarão se alterar no tempo.

Muitos estudos já estão acumulados em muitas organizações privadas e públicas e os recursos disponíveis ainda exigem humildade diante dos desafios existentes, ainda que muitas potencialidades estejam claras. Uma organização dos esforços não poderá ser prejudicial, ainda que não seja necessário despender exagerados esforços em discussões que se tornem acadêmicos.

Certamente é um processo que terá ter o comando da presidente Dilma Rousseff que tem todas as credenciais indispensáveis para galvanizar toda a sociedade brasileira neste esforço organizado de desenvolvimento econômico, social e político, de forma sustentável.


Vendas dos Produtos de Luxo no Japão Continuam Altas

25 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

Para a perplexidade de muitos analistas, o consumo de produtos de luxo no Japão continua elevado, segundo o jornal Nikkei de hoje. Está sendo a salvação de muitas lojas de departamento, não somente em Tóquio como em outras cidades como Osaka. São mencionados exemplos concretos, como o da conhecida loja da Mitsukoshi no bairro de Nihonbashi, onde os relógios de mais de US$ 13.000 aumentaram 60% com relação ao ano passado, e os de mais de US$ 26.000 dobraram suas vendas, incluindo as de grifes internacionais como a Rolex.

Numa feira especial realizada no Daimaru Matsuzakaya, de Osaka, nos últimos dias 15 e 16 de outubro, as vendas aumentaram 18% com relação ao ano anterior, com itens como pinturas, e colares de diamante com preços em torno de US$ 300 mil. Esta tendência está sendo confirmada também no corrente mês de novembro, em diversas lojas de departamento em Tóquio, em vários bairros.

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Prédios das lojas de departamentos da Mitsukoshi e da Daimaru Matsuzakaya

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Dirigentes de Turismo que não Conhecem o Mundo

24 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Turismo, webtown | Tags: , ,

Se a notícia que foi publicada no Valor Econômico informando que a Embratur elegeu 17 países como alvos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, excluindo a China, parece que os dirigentes daquela entidade estão desfocados com o que vem acontecendo no mundo atual. Quem viaja pelo mundo, Estados Unidos, Europa, Ásia, África observam que recentemente o número de turistas chineses em todo o mundo passou a ser a principal corrente, e chegam até o Brasil, mesmo sem eventos especiais.

Eles substituíram os norte-americanos, europeus ou japoneses, e “invadem” os países que apresentam atrativos turísticos enchendo as lojas de departamentos, as lojas de grifes conhecidas, os hotéis e os restaurantes. Possuem uma empolgação pelo futebol e os astros brasileiros e destacam-se nos esportes. Até na África, por motivos variados, o fluxo de passageiros nos voos aéreos é surpreendente. Existe uma maciça classe média chinesa, além dos que possuem elevados poderes aquisitivos, ocupando os melhores estabelecimentos disponíveis no cenário internacional.

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Turistas chineses invadem o mundo / Cataratas do Iguaçu

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Cristo Redentor / Pororoca no Rio Amazonas

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Diferenças de Comportamento numa Crise Econômica

23 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

São nos momentos de crise econômica que se observam o excesso de movimentações que não parecem totalmente racionais, alguns caracterizando bolhas, outros baseados em dados objetivos. Tudo indica que há um aumento da aversão ao risco, com exagerados fluxos de recursos para aquisição de títulos do Tesouro Americano, chegando até a provocar uma valorização do dólar norte-americano, depois de exagerada política de aumento da circulação desta moeda provocada pelas autoridades americanas visando a desvalorização da mesma. Mesmo com todas as dificuldades dos Estados Unidos, muitos portadores de ativos financeiros continuam achando que os títulos do governo americano continuam sendo de mais baixo risco.

De outro lado, nota-se, como no Japão, um verdadeiro boom imobiliário, que se observa também em Londres, como os noticiados em diversos jornais internacionais. Há uma nítida preferência por ativos reais, representados pelos imóveis. No centro de Tóquio, em ambos os lados da estação central daquela cidade, as notícias são da continuidade, que parece exagerada, de novos preditos de grande porte, numa das áreas mais valorizadas do mundo em termos imobiliários. Ao mesmo tempo, noticia-se que mesmo com uma economia que começa a se recuperar, até no interior do Japão está se generalizando o aumento dos preços dos imóveis, em parte da recuperação dos que estavam reprimidos.

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Edíficos modernos e imponentes “brotam” em Tóquio

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