Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Problemas do Teto das Dívidas Públicas dos USA e Outros

2 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , ,

Todos estão sendo soterrados por notícias que ressaltam a agudeza das dificuldades dos Estados Unidos, bem como os problemas por que passam algumas economias da Europa. Ainda que sejam importantes e mal resolvidos, há que ter consciência que existem muitas desinformações, dando uma dramaticidade que não corresponde totalmente à realidade.

Toda a imprensa mundial ressaltou que a terça feira, 2 de agosto, seria a data fatal, e se o congresso norte-americano não aprovasse a elevação do limite do endividamento os Estados Unidos seriam considerados em default. Muitos bancos norte-americanos tinham a informação que o Tesouro daquele país tinha condições para resistir, no mínimo, por uma semana, que evidentemente é pouco. Uma emissora de rádio de São Paulo, numa entrevista feita com uma professora de economia internacional, informava que, com o default, cerca de US$ 200 bilhões da reserva brasileira passaria ter um valor zero, que está muito longe da verdade. Estas irresponsabilidades da imprensa agravam os problemas que são sérios. E que serão resolvidos a prazos longos com muitos sacrifícios- e todos querem que sejam feitos pelos outros.

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Prédio do Congresso norte americano

Os problemas são complexos, envolvendo aspectos econômico-financeiros, mas envolvidos dentro de disputas políticas. Eles decorrem do consumo de algumas economias desenvolvidas que vieram gastando mais do que produziam, acumulando dívidas expressivas que só serão reduzidas com cortes dolorosas das despesas e se possível com aumento das tributações, para reduzir os endividamentos necessários. E isto vai afetar o mundo todo, por muito tempo, pois todos estão desejando passar a conta para os outros.

Os países só desaparecem se forem incorporados por outros, mediante guerras e mesmo assim suas dívidas acabam sendo pagas, ainda que depois de algum tempo. Quando o Brasil retomou o seu processo de lançamento dos bônus do Tesouro brasileiro nos mercados internacionais, teve que lançar editais nos principais centros financeiros solicitando que todos os que se consideravam credores de dívidas passadas se apresentassem, mesmo que fossem seculares. A Rússia, para voltar ao mercado internacional de capitais, teve que honrar as dívidas deixadas pelo Czar, antes da Revolução de 1917.

Já houve plano, como o Brady, que resolveu os problemas do endividamento de muitos países, mediante reescalonamento dos débitos e perdão de parte dos seus custos. Muitos entendem que alguns países europeus terão que ser beneficiados por algo parecido.

Quando o México declarou-se em default em 1982, houve uma paralisia no mercado financeiro internacional, quando no mercado de Nova Iorque o Tesouro brasileiro estava sendo ajudado por uma rede de bancos internacionais, em mais de alguns US$ bilhões, sem mesmo que houvesse contrato para tanto.

Portanto, todos os agentes no mercado financeiro internacional sabem que nas situações de impasse todos acabam perdendo, no mínimo, um pouco. E sabem que sempre vale à pena perder os dedos do que os braços. Recomenda-se sangue frio, cuidando do cotidiano das pessoas comuns, deixando para as autoridades os problemas macroeconômicos.


Redução do Consumo de Energia no Japão

1 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Como faz usualmente, o Valor Econômico de hoje reproduz um artigo de Peter Landers que está em Tóquio e publicou o seu artigo no Wall Street Journal, que recebeu o controvertido título “Japão mostra que é possível viver sem tanta eletricidade” (Japan snaps back with less power). Com os desastres naturais do Japão, segundo o autor, experimentou-se uma redução de um quinto do suprimento de energia elétrica. As luzes têm se mantido acesas e a capacidade extra da maioria dos dias poderia abastecer Nova Iorque. O impacto econômico não foi significativo e as bolsas japonesas voltaram ao nível anterior ao terremoto.

Poupar eletricidade se tornou um movimento nacional e mesmo com o calor intenso os aparelhos de ar condicionado estão limitados a 27 graus. Adotou-se o “super cool biz”, e as montadoras de automóveis estão operando nos fins de semana, fora do horário de pico. O consumo da região de Tóquio vem se mantendo 23% abaixo do verão passado.

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Sentimentos Controvertidos dos Japoneses Com os Chineses

1 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Um artigo de Jonathan Soble, que se encontra em Tóquio, publicado pelo Financial Times, aponta alguns sentimentos controvertidos dos empresários japoneses com relação aos negócios que estão sendo feitos pelas empresas do Japão com os da China. Ele informa que na semana passada a Panasonic vendeu a divisão da linha branca da Sanyo para a chinesa Haier, que trabalha com refrigeradores e máquinas de lavar, elevando os investimentos chineses no Japão neste ano, tendência dos últimos tempos.

No mesmo artigo, informa-se que o presidente do Nippon Keidanren, Hiromasa Yonekura, expressou que qualquer compra dos chineses de empresas japonesas causa intranquilidade e medo na mente do público. Ele se refere ao sentimento de alguns empresários japoneses que entendem que os chineses estão adquirindo tecnologias e ativos das empresas japonesas para acelerarem o declínio da economia japonesa. Deve-se lembrar também de que a Kawasaki Heavy está acusando os chineses de apropriação de sua tecnologia para os trens rápidos.

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Índia Aumenta Exportação de Produtos Sofisticados

1 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: ,

A Folha de S.Paulo republica todas as segundas-feiras um suplemento selecionando alguns artigos publicados no The New York Times, e hoje inclui um artigo de Vikas Bajaj com o título “A Índia já está exportando sofisticação”. Ele informa sobre a empresa Precision Automation and Robotics India, de Ranjit Date, que retornou há 20 anos para o país com doutorado obtido numa universidade americana.

O artigo informa que a exportação de bens é o dobro dos serviços, pelos quais a Índia é conhecida. E também que está exportando até robôs para a Caterpillar, Ford e Chrysler, com produtos desta empresa. Mostra que o caminho da Índia está sendo diferente da trilhada pelos outros países asiáticos, como o Japão, a China e a Coreia, que começaram com a exportação de produtos que utilizaram a mão-de-obra barata. Os indianos começaram diretamente com produtos de capital intensivo que utilizam mão-de-obra especializada. A Índia criou, por iniciativa governamental, alguns centros de exportação de produtos industriais, como na cidade de Pune com mais de 5 milhões de habitantes, sendo que os tradicionais como têxteis e agrícolas só representam 20% do total.

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Importância Estratégica do NPK Para o Brasil

29 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Ainda que a Vale seja hoje uma empresa privada, o seu capital está controlado pelos fundos de pensão administrados pelo governo, e age em parcerias importantes com a Petrobras. Um dos setores estratégicos para a continuidade do crescimento da economia brasileira é o aumento da produção de fertilizantes, sendo que estas duas empresas estão se entendendo para ampliar as produções de potássio em Sergipe, no Nordeste brasileiro, e do nitrogênio utilizando a abundância do gás. Somente o fosfato é que depende da localização de novas reservas, que ainda são limitadas no Brasil.

O jornal O Estado de S.Paulo, num artigo publicado hoje de autoria de Fernanda Guimarães, informa sobre o assunto. Além dos entendimentos já anunciados sobre o projeto relacionado ao potássio, noticia que entendimentos estão sendo estabelecidos para aproveitar a abundância de gás existente no Brasil, fundamentais para a produção dos nitrogenados. A Vale adquiriu o controle da Fosfértil, que tem tradição na área dos fertilizantes.

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Potássio e nitrogênio líquido

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Dois Artigos Importantes do Project Syndicate

29 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , ,

Project Syndicate é uma espécie de ONG onde estudiosos importantes publicam seus artigos, que acabam sendo reproduzidos em importantes jornais de todo o mundo. Stephen S. Roach, da Universidade de Yale e do Morgan Stanley Asia, escreveu o artigo que O Estado de S.Paulo republica hoje sob o título “Leiam os lábios da China”. Yu Yongding é presidente da Sociedade Chinesa de Economia Mundial. Ele escreveu o artigo que Valor Econômico republica hoje com o título “A crescente inflação chinesa”. Ambos são de grande importância para entender a economia chinesa e mundial no momento atual.

Stephen_RoachStephen S. Roach afirma que os chineses admiram os Estados Unidos, mas perderam a confiança no governo americano, o que ele percebeu visitando Pequim, Xangai, Chongqing e Hong Kong. Depois da crise do subprime, o atual debate sobre o limite da dívida levou as autoridades chinesas a ficarem estarrecidas com a incapacidade dos norte-americanos de formularem uma política para a estabilidade financeira.

Os chineses têm US$ 2 trilhões investidos em ativos baseados no dólar, e se sentiam seguros com esta moeda considerada reserva mundial. Mas estes tempos acabaram, e não veem mais sentido em manter esta política. Suas exportações continuam competitivas, mas depois da crise de 2008-2009 não veem como elas vão continuar ativas como no passado. Os riscos são demasiadamente elevados para mantê-los diante dos desarranjos políticos. Existe um ceticismo com relação às correções possíveis, e os chineses estão conscientes das suas dificuldades macroeconômicas para manter o seu crescimento dependente das exportações, voltando-se para o mercado interno.

Seu novo 12º Plano Quinquenal volta nesta direção, e sua moeda desvalorizada não faz mais sentido. A China deverá reduzir a compra de títulos norte-americanos e não acreditam mais nas promessas dos Estados Unidos. A China está dizendo “não”, e como os americanos vão se safar?

imagesNo artigo muito claro de Yu Yongding, reconhecendo as dificuldades dos Estados Unidos e da Europa, as economias emergentes enfrentam problemas inflacionários, que chegam a 6,4% em junho na China, onde os preços dos alimentos influenciam muito, entre eles a carne de porco. Ele acredita que os preços começarão a cair brevemente, numa análise semelhante ao das autoridades brasileiras.

Segundo ele, o crescimento chinês já começou a cair em função das medidas tomadas pelas autoridades monetárias, com sucessivas decisões para elevação dos juros e restrições à expansão monetária. Ainda que se mantenha num nível elevado, quando comparado com o resto do mundo. Ele acha que a demanda externa continuará baixa no segundo semestre de 2011.

Como no Brasil, ele pensa que a política monetária poderá começar a ser mais flexível. Entende que os problemas chineses são mais estruturais que cíclicos, e o crescimento da economia interna continuará ainda modesta nos próximos cinco anos. Mas, observando o comportamento dos últimos 30 anos, não acredita que tenham dificuldades para se safar, ainda que a oportunidade para os ajustes já tenha passado.

Com análises e informações de profundidade, estes dois artigos devem ser lidos por todos que se interessam sobre a economia mundial, de onde a brasileira pode aprender muito.


Crescimento da Aviação Doméstica no Brasil

29 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

A Folha de S.Paulo publica um interessante artigo preparado por uma equipe formada pela Carolina Matos, Mariana Sallowicz e Gabriel Baldocchi informando que o “Brasil lidera alta da aviação doméstica”, efetuando comparações do primeiro semestre deste ano com a do ano anterior em alguns países. Todos admitem que a economia brasileira vem se comportando de forma surpreendente, com a sensível melhoria da chamada nova classe média, fazendo com que muitas empregadas domésticas originárias do Nordeste do País tirem suas férias anuais voltando para suas terras, utilizando o avião cujo custo está mais baixo que os ônibus usados no passado, que demandam mais tempo e despesas adicionais como das refeições.

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Reprodução do gráfico publicado Folha de S.Paulo

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Desafios e Caminhos da Amazônia

28 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , ,

Mesmo que a Amazônia venha sendo objeto de interesses por séculos, inclusive internacionais, o fato concreto é que ainda se conhece pouco sobre a sua realidade e as dificuldades existentes para o seu aproveitamento racional, respeitando o meio ambiente. O jornal Valor Econômico publica um suplemento especial que merece as mais profundas atenções, inclusive por que envolve um projeto inédito capitaneado pela CNI – Confederação Nacional da Indústria, denominado Norte Competitivo, elaborado pela consultoria Macrologística, selecionando 71 projetos.

Os mais de 5 milhões de quilômetros quadrados, que representam mais de 60% do território brasileiro, servido basicamente pelas suas vias naturais que são os grandes rios navegáveis, necessitam ser complementados por infraestrutura que ainda é precária, e a pouca existente é mal conservada. As explorações de suas riquezas naturais, tanto minerais como de biodiversidades não são detalhadamente conhecidas, mesmo reconhecendo-se as suas potencialidades.

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Investimentos Chineses nos Insumos Agrícolas

27 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

A longa experiência no Brasil fez com que os grupos estrangeiros como as estatais procurassem sair da produção agrícola direta, mas trabalham na sua periferia para assegurar o acesso à produção efetuada pelos agricultores, que são mais eficientes nas atividades produtivas que exigem uma presença cotidiana. A maioria dos insumos agrícolas hoje é produzida pelos grupos estrangeiros que, fornecidos financiados aos produtores, procuram assegurar o acesso às suas produções. Os japoneses, que ajudaram no desenvolvimento dos cerrados, acabaram sem ter um acesso importante à sua produção, mesmo nas sojas consumidas no Japão, por serem irrelevantes nestas atividades. Muitas multinacionais que no passado se envolveram diretamente na produção acabaram se restringindo às suas comercializações ou no máximo nas atividades agroindustriais.

Agora os chineses estão entrando na produção de alguns insumos agrícolas, como as grandes empresas como a Vale e a Petrobras, que decidiram fazer vultosos investimentos na produção do potássio. O Brasil demanda outros fertilizantes como nitrogenados e fosfatados, calcários para correção de muitos dos seus solos ácidos, além de muitos defensivos e sementes selecionadas. As indústrias para tanto costumam ser de grande porte, e o financiamento do seu fornecimento é extremamente estratégico para assegurar o acesso às produções agrícolas.

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Potássio, fósforo e um ciclo do nitrogênio

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As Mudanças Relacionadas ao Emprego no Japão

27 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , | 4 Comentários »

Num artigo escrito por Mure Dickei no Financial Times volta-se à discussão da mudança ocorrida no Japão, quando o emprego tinha a perspectiva de uma carreira ao longo da vida mesmo no setor privado, comportamento que já desapareceu há algum tempo. O artigo refere-se, também, à queda da renda familiar dos japoneses ao longo dos anos recentes. Cita o caso de um casal, onde o marido está no terceiro emprego e sua esposa no sexto, mas pretendem hoje ter um filho, quando antes pretendiam dois. Informa que na geração dos seus pais, isto que está acontecendo agora não era imaginável.

O mundo mudou e o Japão também, sendo que nas últimas décadas a performance econômica japonesa vem sendo inferior a de muitos dos seus vizinhos, principalmente a China, a Índia e a Coreia do Sul, ainda que sua renda per capita continue num nível elevado, e sua população esteja se reduzindo, contando com um patrimônio nacional apreciável. O Japão sempre foi um país onde uma parcela significativa dos investimentos era feita pelas empresas que utilizavam também as poupanças geradas pelas famílias, via mercado de capitais.

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Multidão caminha pelas ruas de Tóquio

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