Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Primeiro Ministro Yoshihiko Noda se Compara ao Dojo

31 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Gastronomia, Política, webtown | Tags: , , , | 3 Comentários »

Muitos políticos usam imagens conhecidas do público para se autodefinirem, como fez o novo primeiro-ministro japonês Toshihiko Noda, mas não se esperava uma repercussão tão ampla, chegando a merecer um artigo escrito por Yoree Koh e Andrew Joyce no famoso e internacional The Wall Street Journal. Ele se comparou a um dojo, um peixe que hoje só é oferecido em restaurantes tradicionais como o Komakata Dozeu de Asakusa, que é apreciado pelos que conhecem a culinária tradicional do Japão.

Tudo indica que Toshihiko Noda procurou definir-se como um político que procura trabalhar nos bastidores, não pretendendo apresentar-se como um líder vistoso, mostrando-se humilde, como é apreciado pela opinião pública japonesa. Nas primeiras manifestações, ele vem indicando uma grande capacidade de comunicação, ao mesmo tempo em que procura a acomodação com as lideranças tradicionais do seu Partido Democrático do Japão, o DPJ. Seu posicionamento vem agradando aos analistas mais rigorosos, merecendo até comparações com o ex-primeiro ministro Junichiro Koizumi, ainda que não tenha ainda o mesmo carisma. É uma grande esperança para tirar o Japão do marasmo em que se encontra.

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Restaurante Komakata Dozeu e seus pratos com dojo. Fotos: Yoree Koh/The Wall Street Journal

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Intercâmbio Cultural do Japão com a Alemanha

30 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Se existe uma semelhança da forma de ser dos japoneses com os ocidentais, seguramente a proximidade é maior com os alemães. Ainda que a ligação do Japão durante o longo período do seu isolamento efetuava-se com os holandeses, que mantinham um entreposto em Nagasaki, quando na Era Meiji o Japão voltou a se relacionar com o resto do mundo, procurou na sua modernização utilizar o Código Civil de inspiração napoleônica. No entanto, com o tempo, verificou-se que o direito alemão ajustava-se melhor à forma de ser dos japoneses, acabando por influenciá-la fortemente. Quando a Europa passou a admirar as coisas do Oriente, a Alemanha acumulou uma impressionante coleção de “ukiyoe”, inclusive de Katsushika Hokusai. Quando se comemora os 150 anos das relações de amizade entre os dois países, nada mais justo que uma retrospectiva deste artista que está sendo realizada em Berlim.

No Berlin’s Martin-Groupius-Bau realiza-se a exposição retrospectiva de Katsushika Hokusai, que é o artista japonês mais conhecido no Ocidente, com o patrocínio da Fundação Japão e suporte de diversas organizações culturais e privadas japonesas, que deve se estender até fins de outubro próximo. Entre as obras mais inusitadas serão apresentadas as “Hokusai Mangá”, pouco conhecidas que mostram gravuras com matrizes em madeira já naquela época.

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Gravura do Monte Fuji, os mangás e o Berlin’s Martin-Gropius-Bau

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Fundo da Índia para Novos Projetos de Infraestrutura

30 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , ,

Todos sabem que existe uma forte ligação entre diversos projetos de infraestrutura onde, se consideradas em seu conjunto, de forma sistêmica, uns podem proporcionar vantagens para outros, fazendo com que a eficiência do conjunto seja maior do que quando considerados isoladamente. Isto só é possível quando as autoridades estão envolvidas fortemente, coordenando os trabalhos que são executados mais eficientemente pelo setor privado. O exemplo recente mais marcante é o Corredor de Nova Delhi até Mumbai, que foi acertada bilateralmente entre o Japão e a Índia, que está sendo ampliado para receber contribuições do Banco Mundial e do Banco Asiático de Desenvolvimento.

Houve um período em que estes projetos eram usuais, como quando se desenvolveu o sistema que permitia a exploração das minas brasileiras, cujas produções eram escoadas de forma eficiente até os portos como Tubarão e Itaqui, para que os minérios fossem transportados com as melhores tecnologias até os portos asiáticos, visando abastecer de forma competitiva as siderúrgicas da Ásia, tendo com carga de retorno o petróleo proveniente do Golfo, do qual o Brasil necessitava na época. Eles chegaram a se chamar National Projects recebendo um suporte coordenado tanto do Japão como de organismos financeiros internacionais voltados ao desenvolvimento, como o Banco Mundial.

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Navios sendo carregados no Porto de Tubarão

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Dificílima Arte da Política no Japão

30 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Política, webtown | Tags: , ,

 

Na cultura japonesa, desenvolvem-se exercícios estratégicos utilizando-se inclusive alguns jogos. O gô, por exemplo, é um jogo para aperfeiçoar os conhecimentos das estratégicas de ocupação de espaços ou territórios. O shogi é uma espécie de xadrez, um pouco mais complicado, pois as peças conquistadas dos adversários que correspondem aos peões, torres, cavalos e bispos podem ser repostas no jogo a seu favor. Há jogadores que conseguem antecipar as alternativas estratégicas para mais de sete jogadas. No caso da atual eleição do novo primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda, muitos jornais japoneses informam sobre os lances que levaram à sua vitória, que ainda precisa ser consolidada com a conquista das facções derrotadas.

O jornal japonês de grande circulação, Yomiuri, relata a sua versão sobre os dois turnos da votação dentro do majoritário DPJ – Partido Democrático Japonês que consagrou Yoshihiko Noda como seu novo presidente. De conformidade com a tradição japonesa, ele foi confirmado na eleição da Dieta. É preciso entender que nas últimas pesquisas efetuadas pelo Nikkei com os parlamentares com direito ao voto era Seiji Maehara, ministro dos Negócios Estrangeiros, que aparecia como o favorito disparado. Ele acabou sendo prejudicado no final pelo escândalo da contribuição de estrangeiros para suas campanhas no passado.

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Isto levou o poderoso, mas controvertido por doações políticas, Ichiro Ozawa, que tem a facção com mais seguidores dentro do partido, junto com os ex-premiês Yukio Hatoyama e Naoto Kan, a apoiar o ministro de Economia, Indústria e Comércio Banri Kaieda. Mas, como reação, os demais parlamentares do partido votaram contra esta composição que está considerada ultrapassada na atual conjuntura japonesa.

No primeiro turno da votação, ninguém conseguiu a maioria necessária. Dos 398 membros do DPJ votantes, 292 eram da Câmara Baixa e 106 dos senadores, sendo que deles três estavam ausentes. Kaieda conseguiu 143 votos, Noda 102 e Maehara 74, quando cinco candidatos disputavam a votação.

Noda e Maehara haviam se comprometido antes que se apoiariam reciprocamente no segundo turno, se necessário. Juntando outros que desejavam derrotar Ozawa, no final Noda acabou ficando com 215 votos, enquanto Kaieda com 177.

Existem muitas questões a serem ainda acertadas, pois o novo primeiro-ministro Yoshihiko Noda pretender uma elevação de tributos para fazer face aos custos da reconstrução e redução da dívida pública. Os problemas de relacionamento com os norte-americanos continuam delicados. Ele pretende um entendimento com os oposicionistas, encontrando resistências dentro do próprio partido. A composição do gabinete, com os diversos ministros e cargos importantes dentro do partido, precisa ser considerada.

Mas tudo indica que existe um clima de rejuvenescimento na política, com a tendência que novos líderes sejam capazes de levar o Japão para uma forte recuperação, que acaba sendo relevante para o resto do mundo.


Agregação de Valor ao Minério Exportado

29 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Um astuto político brasileiro observava com o seu conhecimento acumulado ao longo de sua carreira que “se tiver uma tartaruga num galho de uma árvore, preste muita atenção, pois alguém a colocou lá”. O jornal Valor Econômico publicou um conjunto de artigos na sua edição de hoje informando que existem estudos procurando uma taxação mais elevada sobre o minério bruto, procurando adicionar valor com a sua industrialização no país. Ainda que o assunto exija um exame demorado, todos devem concordar que a exportar minérios que serão utilizados no exterior, o país tem condições de adicionar valor e emprego exportando produtos já elaborados, mesmo considerando que na atual conjuntura isto seja difícil do ponto de vista prático.

O artigo elaborado de forma extremamente competente pelo jornalista Rafael Bitencourt é de suma importância e está baseado nas informações constantes dos trabalhos realizados pela professora Maria Amélia Enríquez, da Universidade do Pará, que trabalhou na Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia. A ideia seria taxar mais pesadamente o que é exportado como minério e reduzir as mesmas quando destinadas à industrialização no país, usando a Compensação Financeira para a Exploração de Recursos Minerais – CFEM. A preocupação é não ficar somente nas alíquotas, mas caminhar para um conjunto de medidas mais amplo, que viabilize as intenções governamentais que faz todo o sentido do ponto de vista da economia nacional.

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O minério de Carajás, transportado por trens, é embarcado no Porto de Itaqui, no Maranhão

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Educação Comparada Internacionalmente

29 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , ,

O pesquisador e professor do Centro de Estudos para Cooperação Internacional em Educação da Universidade de Hiroshima, Kazuhiro Yoshida, concedeu uma entrevista para Carlos Lordelo, de O Estado de S.Paulo, publicada hoje. Este professor japonês participou em Curitiba do Encontro Internacional de Educação Sala Mundo. Ele reportou as diferenças do Brasil com o Japão, onde na Era Meiji tornou universal o acesso à educação básica, no início do século XX, inspirado pelo confucionismo e como forma de melhorar a qualidade de vida de todos.

Ele informa que existe a opção da formação dos recursos humanos para o exercício de um trabalho eficiente. A universalização do ensino em si não é suficiente, mas é preciso avaliar o que as crianças aprendem, e em sua opinião é importante encorajá-las a estudar em vez de forçá-las pela matrícula.

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Pequisador e professor Kazuhiro Yoshida, da Universidade de Hiroshima

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Novo Primeiro-Ministro Japonês e o Brasil

29 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , | 4 Comentários »

Como é do conhecimento de todos, no sistema parlamentar japonês o novo presidente do Partido Democrático do Japão, majoritário na Câmara Baixa daquele país, torna-se automaticamente o seu primeiro-ministro, e o ex-ministro da Fazenda, Yoshihiro Noda, foi eleito por uma expressiva votação, derrotando o ex-ministro da Economia, Indústria e Comércio, Banri Kaieda, que era apoiado pelos tradicionais pesos pesados do partido, como Ozawa, Hatoyama e Kan, ala considerada desgastada.

Ele representa a renovação política do Japão, tendo 54 anos, ao lado de lideranças jovens como Maehara, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e Edano, ex-chefe da Casa Civil que ficou conhecido por ser o porta-voz dos assuntos relacionados com os desastres naturais e problemas com a Usina de Fukushima Daiichi. Seu estilo se aproxima do ex-primeiro-ministro Koizumi, o último com as qualidades de um estadista, ainda que não tenha o carisma de que usufruía Koizumi. Mas também Koizumi, que visitou duas vezes o Brasil, não gozava de muita popularidade no início de sua administração.

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Primeiro-ministro Yoshihiko Noda                                            Deputado Osamu Fujimura

Ele advoga a ideia da formação de uma grande coalizão política no Japão, incluindo a atual oposição, liderada pelo Partido Liberal Democrata, que tem uma expressiva representação na Câmara Alta. Ele expressou que não pretende a dissolução da Câmara Baixa, convocando eleições gerais, que poderiam criar um vazio no comando político do país. Ele se revelou a favor da aliança com os Estados Unidos, procurando resolver os problemas relacionados com Okinawa.

Um dos políticos mais ligados com o novo primeiro-ministro é o deputado Osamu Fujimura que mais tem visitado o Brasil, quase anualmente, nos últimos trinta anos, e era o secretário executivo do Conselho Parlamentar Brasil Japão, tendo exercido um forte papel no aumento do intercâmbio de estudantes, promovendo a ida de muitos brasileiros ao Japão.

Tudo indica que Osamu Fujimura, considerado um dos braços de Yoshihiko Noda, com quem se apresentou publicamente nos últimos pronunciamentos públicos do novo primeiro-ministro, tem as chances de exercer um papel relevante no novo gabinete, até com um cargo ministerial de importância. Fujimura foi um dos vice-ministros parlamentares do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Japão, e de qualquer forma deverá exercer um papel relevante como uma das personalidades que devem facilitar os entendimentos dos brasileiros com as autoridades japonesas.


Diferenças nos Hábitos Alimentares

29 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, webtown | Tags: , ,

Consta no site WebTown, voltada com prioridade à comunidade dos brasileiros residentes no Japão, uma referência sobre uma notícia veiculada na coluna meu japão de Karina Almeida, de O Tempo online. Ela reporta uma experiência que teve ao ser convidada por um japonês para o que denominou “churrasco japonês na varanda” do seu apartamento. Para a melhor compreensão da notícia, é preciso informar que muitos brasileiros residentes no Japão são criticados pelos seus vizinhos japoneses quando efetuam “churrascos” em suas varandas, por espalhar um odor característico da queima de gorduras.

Na realidade, os japoneses grelham muitos alimentos com brasas, como peixes e produtos do mar que têm odores diferenciados e que genericamente são chamados yakimono. Muitos legumes também, mas há diferenças nos temperos utilizando que provocam odores que podem ser estranhos para os brasileiros, pois muitos levam molhos de soja fermentada, como os missô ou shoyu. Os japoneses adaptaram culinárias como as coreanas, inspiradas no que chamam de Gengis Khan, que levam alhos e pimentas que não eram utilizadas Japão, mas que recentemente passaram a ser habituais, por serem adequadas para uma cervejada. Sempre é de bom tom no Japão procurar não incomodar os seus vizinhos, com estes odores e barulhos de música em alto volume.

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Sharp Volta a Atuar no Brasil

29 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 72 Comentários »

Uma notícia publicada no jornal econômico japonês Nikkei informa que a Sharp japonesa volta a atuar no mercado brasileiro, instalando inicialmente uma subsidiária voltada a venda de seus produtos eletrônicos e equipamentos de comunicação. Como é sabido, esta empresa atuou no Brasil numa joint venture, que acabou em pendência judicial com o empresário Mathias Machline e seus herdeiros, montando alguns equipamentos.

Agora, volta ao mercado brasileiro, segundo a notícia, para estabelecer uma subsidiária totalmente controlada pela empresa japonesa, para a venda de televisores e telefones celulares, numa tentativa de efetuar pesquisas sobre este mercado, visando expandir suas operações.

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Este tipo de operação é conhecido como antenna shop procurando fazer uma avaliação mais segura do mercado, diante das perspectivas existentes em mercados emergentes como o do Brasil. No entanto, parece difícil que uma operação meramente comercial, na atual conjuntura, possa ser eficiente, tanto diante da presença de outros concorrentes produzindo ou montando equipamentos similares neste mercado.

Diante dos problemas cambiais, juros internos, tributos existentes e outros problemas relacionados com a competitividade, se não estiverem dispostos a uma produção local em escala apreciável, tudo indica que a sua rentabilidade no Brasil deve ser duvidosa. Se tiverem intenções de um estudo mais amplo, inclusive possibilidades de exportação, estas intenções podem ser consideradas mais sérias, principalmente se as pendências judiciais estiverem totalmente resolvidas.

É claro que as perspectivas dos mercados emergentes como o do Brasil devem ser mais concretas que dos mercados dos países já desenvolvidos, mas não havendo uma forte disposição de fazer operações de escala, visando o mercado globalizado, parece difícil somente se concentrar numa operação comercial.


O Problema da Caligrafia com o Uso dos Computadores

28 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Tudo indica que com a intensificação do uso dos computadores, principalmente entre os jovens, os problemas da escrita manual começam a apresentar problemas adicionais. Como nas escolas já não se ensina caligrafia como no passado, e as facilidades eletrônicas se disseminam rapidamente, observa-se que a escrita manual apresenta problemas adicionais, afetando inclusive os problemas de redação. O site do BBC Brasil noticia o assunto com um artigo com o título “Pela tradição, China terá mais aulas de caligrafia”, mostrando que o problema tende a se observar em variados países.

A caligrafia sempre foi considerada como uma das formas de revelar parte da personalidade das pessoas, e desde os tempos remotos, na Ásia se cultiva a caligrafia, que teria sido cultivada pelos monges que escreviam os ideogramas de forma personalizada. Eram poemas como os que ficaram conhecidos no Japão como haikais, que podiam ser acompanhados por desenhos do tipo zen.

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Foto publicada no BBC Brasil

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