Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Análise Política da China Usando Técnica Japonesa

22 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Um esquema publicado pelo site do jornal econômico japonês Nikkei dá uma mostra do tipo de análise que é feito na Ásia para a avaliação da futura evolução do quadro político. Ainda que não estejam consolidadas as mudanças atualmente em processamento, os analistas se preocupam com o que deverá ocorrer nas próximas etapas, ainda que não haja garantia total sobre as projeções. A identificação dos considerados “príncipes”, com elevadas possibilidades de atingirem os cargos máximos, depende tanto dos seus currículos passados como dos cargos que deverão ocupar, considerado as possíveis rotas para o poder.

Na última reunião geral do Partido Comunista Chinês, já foi sacramentada a posição de secretário-geral da entidade que ficou com Xi Jinping, ainda considerado da quinta geração de líderes. Ele deverá ser confirmado como presidente e comandante máximo do Conselho Militar nos primeiros meses de 2013. Também Li Keqiang deverá ocupar a posição de primeiro-ministro, dentro das orientações que estão sendo traçadas.

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As posições mais estratégicas deverão ser ocupadas por Sun Zhengcai, ex-secretário do partido na província de Jilin, pertencente à sexta geração, que já foi designado como chefe do partido em Chongqing, que foi ocupado pelo controvertido Bo Xilai que foi expulso do partido acusado de corrupção, e que contava com apoio dos que desejavam retornar para o período mais conservador do país.

Sun Zhangcai já se manifestou publicamente para os 100 oficiais do partido na província de Chongqing que seguirá a orientação dos novos líderes, o que significa que combaterá a corrupção e dará continuidade ao desenvolvimento desta região estratégica da China. Ele já está sendo considerado como potencial candidato a postos mais elevados no futuro, e sua performance será muito importante para tanto. Certamente, enfrentará algumas resistências dos que estão localizados nas fortes estatais chinesas.

Outro novo líder é Hu Chunhua que veio se destacando como secretário na Inner Mongólia, resolvendo problemas com minorias étnicas, inclusive no Tibet. Ele deve ser designado secretário do partido em Guangdong, com a tarefa de transformar esta região industrial de mão de obra intensiva numa mais sofisticada, contando com tecnologia e serviços. Muitos que passaram por este posto já ocupam posições no novo Politburo, que ficou reduzido a sete membros, e que constitui o núcleo central do governo chinês.

Todos estes novos líderes, além de contarem com uma carreira brilhante, contam com suportes dos veteranos do Partido, inclusive de chineses residentes no exterior, estando preparados para as reformas que a China necessita implementar. Seus auxiliares e outros políticos chineses procuram colaborar para a contínua ascensão destes líderes, o que vai acabar ampliando as suas próprias possibilidades de carreiras brilhantes.

Ainda que não exista um esquema rígido para estas estruturas e os caminhos para a liderança, elas tendem a ser comuns em sociedades fortemente hierarquizadas da Ásia, onde os mais idosos possuem ascendência sobre os mais jovens, dentro da filosofia confuciana. Os analistas chineses como japoneses dão a devida atenção para as carreiras destes “príncipes”, que conseguem um grande número de adeptos que desejam acompanhar suas ascensões.

Observa-se alguma semelhança com as carreiras militares no Brasil, constatando-se que mesmo sendo regimes considerados autoritários, estes dirigentes obedecem aos prazos dos seus mandatos, que são de cinco anos, renováveis por outro período. Mesmo considerando as atuais dificuldades chinesas, há que se admitir que estes mecanismos permitam a superação de muitos dos seus obstáculos, mesmo que o Ocidente espere por mais transparência nestes processos.



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