Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Temas Relacionados com a China no Project Syndicate

20 de novembro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Pode-se avaliar a importância atual da China pela quantidade de importantes artigos publicados no Project Syndicate sobre as questões envolvendo aquele país por personalidades destacadas no cenário internacional. O prêmio Nobel de Economia que ocupa cargos importantes, Michael Spence, publica um artigo sobre a possibilidade de Cingapura servir como modelo do que pode ser feito pelo novo secretário geral do PCC, Xi Jinping no seu país. O ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos, Harold Brown, que igualmente continua a desempenhar um papel importante nos assuntos de segurança, publica sobre os problemas norte-americanos com a China atual.

Todos reconhecem que as mudanças que estão ocorrendo na China merecem as suas atenções, tanto do ponto de vista da economia como da segurança internacional, desejando-se aventar o que pode ocorrer com a passagem do comando para uma nova geração de líderes, com a transparência menor do que desejada pelo mundo. E os relacionamentos chineses mais importantes ainda se referem aos com os Estados Unidos, onde o presidente Barack Obama teve um segundo mandato confirmado por uma eleição transparente e democrática.

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Michael Spence                                                                         Harold Brown

Já nos referimos neste site que Xi Jinping esteve com o influente Lee Kwan Yew em Cingapura que, apesar de ser um país cidade, vem mantendo um só partido político, conseguindo um sucesso destacado, sem problemas de corrupção. A sua situação é muito diferente da China que é um gigantesco país continental, com muitas diversidades internas. Mas ambos contam igualmente com um partido relevante, que possui o comando do país, tanto no aspecto político como econômico.

Segundo Michael Spence, quando a China estava num ponto crucial em 1978, Deng Xiaoping passou por Cingapura para ver o que estava sendo feito naquele país, que se destacava como um dos tigres asiáticos, seguindo os passos do Japão e da Coreia. Ele acabou introduzindo os mecanismos de Zona Especial em diversas regiões chinesas, que serviram como alavanca para o seu desenvolvimento com abertura para o exterior.

Do ponto de vista político, ainda que com um partido político Cingapura mantivesse a legitimidade popular do seu governo, com determinação contra a corrupção, oferecendo oportunidades iguais para os seus cidadãos, inclusive de treinamento no exterior, tirando partido da meritocracia. A China deve ainda manter o seu sistema político que se apresenta confuso no momento, mas terá que contar com a legitimidade ajustada radicalmente aos anseios de sua população que melhora de nível de renda. Cingapura pode continuar como o modelo a ser perseguido pelos chineses, segundo Michael Spence.

Segundo Harold Brown, Xi Jinping visitou os Estados Unidos acompanhando Geng Biao, seu convidado, quando ainda tinha somente 27 anos na posição de um burocrata subalterno. Sua estatura política correspondeu à potencialidade que seus superiores esperavam e que ainda não era percebida pelos norte-americanos, e 32 anos depois ele chega a secretário geral do PCC devendo ser o novo presidente no começo do próximo ano.

A experiência norte-americana é que os países emergentes acabam conquistando espaços econômicos como vem ocorrendo com a China, que precisam ser enfrentados pelos Estados Unidos evitando-se o confronto direto. Mas os problemas mais graves, segundo Harold Brown, localizam-se no aumento da influência militar chinesa, principalmente nas áreas da Ásia e do Pacífico. Se os países atualmente aliados dos Estados Unidos na região notarem o enfraquecimento dos norte-americanos, tenderão a entrar para a área de influencia da China.

No entender do articulista, o futuro previsível é até 2030, e se chegar até lá sem um grande confronto entre os dois países, já será uma conquista. No momento, ele vê a possibilidade de partilhar problemas comuns como as ameaças externas, proliferação nuclear, mudanças climáticas globais, extremismo islâmico.

O articulista acredita que os Estados Unidos ainda contarão com superioridade militar nos próximos 15 a 20 anos, mas as tensões podem migrar para ciberataques contra seus sistemas eletrônicos e de satélites, inclusive de infraestrutura.

O desafio atual mais sério para os norte-americanos seria deixar a economia e sua governança em ordem, dando a Barack Obama uma base sólida para se envolver com Xi Jinping nas negociações de assuntos substanciais de política internacional, sem o que os prospectos são de crescimento dos problemas entre os dois países.



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