Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Artista Brasileiro Avalia Evolução do Ukiyo-e

25 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , ,

Marco Giannotti, artista plástico brasileiro que certamente visitou Quioto recentemente, publicou uma interessante avaliação que está no site do Estadão.com.br/cultura no domingo, 24 de julho. Ele se refere ao ukiyo-e, xilogravura japonesa que se tornou famosa no mundo, principalmente pelos trabalhos de sua última fase, como os de Hokusai e Hiroshige que ficaram famosos em todo o mundo, como as “Trinta e Seis Vistas do Monte Fuji”. Eles retratam paisagens e faces como de famosos artistas do Kabuki, uma das formas tradicionais do teatro japonês.

No seu artigo, que tem como título “Tesouros ocultos”, faz um relato histórico do ukiyo-e desde o período conhecido como Edo, antigo nome de Tóquio, quando o Imperador ficava em Quioto, mas o poder de fato era exercido pelo Xogun, que desenvolveu a atual capital, com a ajuda da nascente classe comercial. Desde quando o Japão se fechou para os países ocidentais, mantendo somente a abertura em Deshima em Nagasaki aos holandeses, quando Hokusai estudou as técnicas utilizadas na Europa nas gravuras feitas com matrizes em madeira, nos séculos XVII e XVIII, usando técnicas como os que incorporaram o claro-escuro.

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Obras de Hokusai (acima) e Hiroshigue (abaixo)

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Pequenas Comparações da China dos Últimos 25 Anos

22 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Tive a oportunidade fazer uma longa viagem particular pela China, país onde me preparava para instalar o escritório de uma trading brasileira em Beijing. Acompanhado de minha família, minha esposa e três filhos, percorremos cidades como a própria capital, Xangai, Xian, Luoyang e Hangzhou fugindo dos pacotes turísticos que já existiam. Recentemente, um grupo de jornalistas latino-americanos, inclusive Marli Olmos, do Valor Econômico foi convidado pelo governo da China para conhecer entre outros lugares Beijing, Xangai e Wuhan, pois os chineses continuam achando que os ocidentais conhecem pouco do verdadeiro País do Meio. O Valor Econômico publicou alguns artigos que foram elaborados com base nestas visitas, com extrema competência.

Da comparação das impressões destas viagens pode-se colher algumas observações importantes sobre o que mudou neste período de acelerado desenvolvimento da China, e o que permanece com as características que diferenciam este país que desperta, hoje, a curiosidade de todos dada à importância mundial que ela conquistou, ainda que de forma extremamente resumida.

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Consequências da Ajuda à Grécia Para o Mundo

22 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Todos sabem que a ajuda que a Comunidade Europeia concedeu à Grécia, com a participação do Fundo Monetário Internacional e dos bancos privados, com prazos mais longos e juros mais baixos que o anterior, ainda que declaradamente como um caso excepcional, acabará por provocar novas reivindicações de países europeus que passam por dificuldades semelhantes. Alguns já foram assistidos, como a Irlanda e Portugal, mas outros enfrentam dificuldades como a Espanha e a Itália, exigindo esforços internos substanciais para gerar a capacidade de honrar suas dívidas públicas.

Os atuais credores mundiais passaram a ser muitos que já enfrentaram dificuldades no passado, como a Coreia do Sul e o Brasil, além da China e do Japão que possuem reservas internacionais apreciáveis. O Japão, cuja dívida pública é extremamente elevada, tem o financiamento interno da mesma, e manifestou e já está ajudando a Europa, como muitos países que ainda suportam os Estados Unidos. Os antigos geradores de poupanças líquidas, como muitos países árabes exportadores de petróleo, estão reduzindo seus fluxos de recursos para as nações consideradas desenvolvidas para atender suas novas necessidades internas, criando empregos nos seus próprios territórios para acomodar os anseios de suas populações.

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A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy

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Danças de Rua Com Favelados São Apresentadas no Japão

21 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, webtown | Tags: , | 2 Comentários »

Num artigo publicado pelo The Japan Times, escrito pela Eriko Arita, informa-se que na competição destas apresentações no Kanagawa Arts Theatre em Yokohama, a partir de 30 de julho próximo, um grupo francês chamado Compagnie Käfig, fundado pelo coreógrafo de hip-hop Mourad Merzouki apresentará dois trabalhos, com um grupo de dançarinos brasileiros. Um com o título Agwa, que vem das palavras água e water, e outro com o título Correria.

Diferente dos demais grupos, todos os dançarinos são moços jovens, em torno dos 20 anos, autodidatas, que cresceram nas favelas. Segundo o diretor da companhia numa entrevista, a razão para eles dançarem é que eles cresceram num ambiente difícil, e se tornaram formas de fugir desta situação, e suas apresentações são fortes e chamam a atenção.

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Dançarinos brasileiros de hip-hop da Companhia Käfig no espetáculo Agwa. Foto: Michel Cavalca

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Novas Tendências nos Restaurantes no Japão

21 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia, Saúde, webtown | Tags: , , ,

O importante jornal econômico japonês Nikkei publica hoje uma matéria de grande importância de autoria de Keisuke Nakano. Novos restaurantes em Tóquio, sem serem macrobióticos, apresentam refeições agradáveis com baixas calorias. O destaque é o Nodo – Restaurante Natural Dietético que se instalou no elegante bairro de Shibuya e oferece seis refeições completas com 434 calorias, ao preço de cerca de R$ 90,00. O chef cozinha costelas por cerca de 10 horas no vapor, para remover toda a gordura, em vez de vegetais fritos os oferece em sopas do tipo minestrone para reduzir o uso de óleos.

Estes restaurantes estão diminuindo o uso de açúcares para evitar a acumulação de gorduras no corpo. Os seus almoços e jantares contêm menos de 500 calorias. Estas refeições se tornaram populares entre as mulheres que representam 80% dos seus clientes, mas homens conscientes de sua saúde também jantam por lá. Muitos convidam seus parceiros comerciais para refeições nestes estabelecimentos. Eles oferecem suntuosos pratos que não podem ser preparados em casa.

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Jantar do Nodo com apenas 434 calorias./ Prato do Gourmet Doctor’s / b-Zone: pratos ricos em proteínas

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Nova Frente de Disputas Tecnológicas

20 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , | 2 Comentários »

Num magnífico artigo de Jeremy Page, publicado no The New York Times de hoje, noticia-se que a China já está disputando a vanguarda dos desenvolvimentos tecnológicos para a exploração minerais em águas profundas. Mesmo que os japoneses tenham localizado reservas importantes de terras raras nas profundezas do Pacífico, é preciso de avançadas tecnologias para a sua exploração em águas internacionais. O Jiaolong (dragão do mar), submergível utilizado pelos chineses no Mar Sul da China, chegou a 5.000 metros de profundidade, no Nordeste do Pacifico, entre Havaí e os Estados Unidos, nas proximidades de onde foram localizados os depósitos das terras raras.

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O gráfico abaixo, publicado no The New York Times, dá uma boa ideia da corrida que está ocorrendo nos submergíveis para explorações desta natureza.

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Dificuldades Adicionais Para o Mundo Desenvolvido

20 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: ,

Os países árabes exportadores de petróleo viveram décadas colocando os seus excedentes financeiros no exterior, pois os seus governantes magnatas não precisavam se preocupar muito com o bem-estar de seus súditos. Mas, com a Primavera Árabe, as coisas mudaram, e mesmo países do Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, Kuwait, Bahrain e Omã, estão sendo obrigados, agora, a se preocupar com o atendimento de suas populações, melhorando as condições de suas vidas e criando emprego internamente.

Até recentemente, os magnatas árabes compravam títulos do governo dos Estados Unidos, imóveis na Inglaterra e outros países europeus com as receitas obtidas pela venda de petróleo, concedendo um mínimo de benefícios para suas populações locais. Mas, depois dos acontecimentos no Norte da África, que se estendem pelos demais países árabes, o quadro mudou radicalmente, exatamente no momento em que os países que antes eram beneficiados agora contam com maiores necessidades.

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se curva diante do rei Abdullah, da Arábia Saudita

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Planejamento de Prazo Longo Para o Brasil

20 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Os observadores que estão fora do governo federal sentem que a presidente Dilma Rousseff tem uma tendência clara para se preocupar com as questões de longo prazo, procurando realizar projetos que contribuam para a criação de condições que beneficiem o Brasil de forma permanente, incluindo a eliminação da pobreza absoluta que certamente não é um problema de curto prazo. Apesar de o governo federal ter anunciado as 13 diretrizes que devem orientar a sua ação, até agora preferiu não divulgar um plano formal, que esclareça a estratégia que está adotando. Acaba por dar a impressão de mera continuidade do que vinha se fazendo na administração anterior, que contava na sua direção com uma figura carismática capaz de mobilizar a população.

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Os muitos problemas do cotidiano, inclusive os relacionados com os políticos, acabam dando a impressão que há um exagero de ação pragmática do governo, com a tentativa de se concentrar nos esforços pontuais para resolver os problemas que vão aflorando. Sente-se, no momento, a conveniência do anúncio de um plano mínimo, orgânico, de compreensão fácil para todos os brasileiros, mostrando quais são os objetivos prioritariamente perseguidos, que recursos serão mobilizados para tanto e as estratégias pelas quais se chegarão aos mesmos, partindo do ponto em que o Brasil encontra-se no momento, levando em conta o quadro econômico mundial no qual está inserido, que apresenta sinais de dificuldades.

Como os ministérios são muitos em número, a grande maioria sem uma estrutura tradicional de um corpo de funcionários de carreira que tenha uma cultura das necessidades nacionais, transmite-se a impressão de ações improvisadas, fortemente dependente dos seus titulares que escolhem o corpo básico de seus funcionários.

Todos sabem hoje que não há necessidade de um plano rígido no atual mundo cambiante, mas, havendo uma orientação básica e coordenada que vai ser perseguida pelo governo com um pouco mais de detalhe que as diretrizes do governo, é de se acreditar que ele pode facilitar a ação do setor privado do qual ele necessita para realizar o desenvolvimento, bem como dos demais níveis da administração pública ou de organismos considerados autônomos. E até dos demais poderes da República, eliminando a impressão do improviso.

Infelizmente, generaliza-se a ideia que a ação governamental está concentrada na gestão, que o governo anuncia como o problema fundamental da administração pública, mas não consegue mostrar a sua eficácia de forma compreensível para a opinião pública, ainda que isto ainda seja recuperável. Com a multiplicação de ministérios, alguns sem a mínima objetividade, não se percebe que o governo esteja tentando reduzir o seu custeio, para deixar mais recursos para os investimentos indispensáveis, sem agravar a dívida pública.

Sempre há um período de carência concedida para a nova administração e sua equipe, mas na medida em que substituições se tornaram necessárias em posições fundamentais, a opinião pública parece confusa sobre a ação governamental. Na medida em que se conte com um plano, mesmo com a substituição dos personagens, fica-se com a ideia que os novos perseguirão objetivos semelhantes que não sejam o mero atendimento de suas necessidades político partidárias, mas determinadas por um governo consolidado.

É evidente que numa democracia, ainda que dotada de instrumentos como as medidas provisórias, há necessidade de uma sólida base política que seja solidária com o governo, não de forma impositiva, mas participativa, mesmo num país onde a tradição dos partidos não seja forte. Ainda que a oposição esteja esfacelada, é preciso que nem tudo dependa tão fortemente dos desejos da Presidência da República. A sua figura necessita ser preservada, até porque ela é também a de Chefe de Estado, além de Chefe de Governo.

Na organização do governo sempre há necessidade de um círculo de ministros que assumam as responsabilidades, mesmo de ações equivocadas, para preservar a figura do Chefe que se confunde com a do país. Depois de mais de seis meses da nova administração, parece que já é chegado o momento para um ajuste de acomodação, pois o desgaste do governo que começa a ocorrer não interessa a ninguém. Mas que não seja somente da mudança de figuras que se mostraram abaixo do esperado, mas do próprio sistema de funcionamento do governo, que começa a ganhar mais as características próprias da presidente Dilma Rousseff que ainda conta com um cacife apreciável.

Tanto os créditos como os débitos acabarão ficando sobre a sua figura, tendo todas as condições para um mandato duplo de quatro anos. Quem dispõe da caneta e do Diário Oficial no Brasil é muito poderoso e nem mesmo quem tenha muita capacidade carismática não tem condições de disputar a sua posição. Mas não parece que convém abusar deste poder que vai se desgastando naturalmente ao longo do tempo, de forma inexorável.


Inovações Tecnológicas Entre os BRICs

20 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , ,

Todos admitem que as inovações tecnológicas sejam fundamentais para o desenvolvimento, e muitos indicadores são construídos para comparações entre países. A Índia, muito interessada no assunto, divulgou um índice com a colaboração do Insead, famoso instituto de administração da Europa e o WIPO – Organização Mundial de Propriedade Intelectual, cujos resultados surpreendem, fazendo com que muitos duvidem de sua metodologia.

Informam que mais de 50 indicadores são utilizados agrupados nos do ambiente de inovação e os resultados obtidos, mostrando que o Brasil teria superado a Índia. Ainda que estes dados tenham melhorado no Brasil, duvida-se que já tenha superado a Índia, salvo em alguns setores determinados. Parece que as pesquisas relacionadas ao pré-sal estão melhorando os dados brasileiros, mas mesmo os especialistas nestas matérias ainda entendem que o Brasil encontra-se abaixo da Índia.

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Investimento Japonês de Grande Significado no Brasil

19 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Para quem comandou a apresentação brasileira sobre a tecnologia do etanol, incluindo a alcoolquímica, em 1985, na Expo Tsukuba no Japão, é uma satisfação muito grande ver que depois de décadas os japoneses decidiram fazer um grande investimento de significado ecológico nesta área. Na ocasião, estas possibilidades foram apresentadas inclusive ao príncipe herdeiro, hoje imperador Akihito. O jornal econômico japonês Nikkei, na sua edição de 20 de julho, anuncia que a Mitsui & Co., em parceria com a Dow Chemical, decidiu construir o maior complexo do mundo no Brasil, visando a produção de bioplástico com investimentos estimados em US$ 2 bilhões.

Em 1985, além do automóvel movido a álcool (não se utilizava ainda a expressão etanol), a Coopersucar já fazia as primeiras pesquisas mostrando que havia possibilidade da alcoolquímica permitir a produção do plástico biodegradável, utilizando como matéria-prima a cana de açúcar. O primeiro projeto em escala industrial em funcionamento foi da Braskem, do Grupo Odebrecht. O lixo sempre se constituiu um problema complexo, principalmente nos países desenvolvidos, e os plásticos derivados do petróleo apresentam grandes dificuldades para serem absorvidos pela natureza.

A planta destina-se à produção multiuso de etanol, com a capacidade de 240.000 kl por ano, cujo funcionamento deverá estar completo em 2013. A fábrica de biopolímetro deve estar construída em 2015. A produção de biomassa começará com 350.000 toneladas ano.

Estes biopolímetros poderão custar, inicialmente, o dobro do que plástico derivado do petróleo, mas a Dow acredita que, com os desenvolvimentos tecnológicos e produção em massa, estas desvantagens atuais poderão ser superadas. Os plásticos produzidos a partir do etanol devem ter durabilidade equivalente aos produzidos a partir do petróleo. Estes plásticos biodegradáveis estão ganhando popularidade para uso em embalagens de alimentos, autopeças e aparelhos eletrodomésticos.

A Mitsui espera poder fornecer estes produtos brasileiros nos mercados das Américas. Estima-se que o mercado de bioplásticos que atualmente gira em torno de 300.000 toneladas deva chegar em 2020 a cerca de 3 milhões de toneladas.

Entre as empresas japonesas, a Mitsubishi Chemical está considerando a possibilidade de produzir estes plásticos na Tailândia, através de uma joint venture.