Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Grandes Aglomeramentos Urbanos

26 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , ,

Desde 2010, mais da metade da população mundial mora nos centros urbanos e este percentual continua crescendo. Certamente, as vantagens de morar nas cidades são maiores do que as suas desvantagens, mas a partir de um ponto os inconvenientes aumentam criando o que os economistas denominam como deseconomias de escala. Ainda que muitas facilidades públicas estejam localizadas nos centros urbanos como os de saúde e educação, os problemas de poluição, engarrafamentos, criminalidade estão aumentando de tal forma que provocam algumas descentralizações das populações onde a qualidade de vida é mais elevada. O suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico, além dos habituais artigos de grande interesse, trata do assunto utilizando dados de um trabalho da ONU – Organização das Nações Unidas como o “State of the World’s Cities”, publicado pela sua agência Habitat.

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Difícil Ajustamento a Um Crescimento Mundial Modesto

26 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Todos sabem que os ajustamentos políticos para um crescimento econômico mais modesto, até frustrante, sempre é difícil, principalmente quando muitos países estão diante de situações eleitorais. Angela Merkel, da Alemanha, já tinha afirmado que muitos sabiam o que teria que ser feito na Europa, mas não sabiam como ganhar as eleições neste quadro de insatisfações generalizadas. Os Estados Unidos ainda apresentam incertezas sobre os próximos resultados eleitorais que podem apresentar mudanças sensíveis para o resto do mundo, mesmo com sua ligeira recuperação econômica. Este quadro de insatisfações torna-se complexo no Japão, que enfrenta disputas territoriais com seus principais vizinhos, quando os apelos nacionalistas tendem a se agigantar, fazendo com que nem o adequado equacionamento de sua gigantesca dívida pública encontre respaldo parlamentar na Dieta. Novos partidos acabam se apresentando com os eleitorados não satisfeitos com os partidos políticos situacionistas e seus principais opositores.

As informações mais recentes provenientes do Japão, pelos mais variados meios de comunicação, informam que o governador de Tóquio, o veterano político Shintaro Ishihara, que tem uma posição hostil à China renunciou ao seu mandato para tentar revigorar o seu partido no nível nacional. Algo semelhante já vinha acontecendo na região de Osaka, onde o prefeito Toru Hashimoto criou o Nippon Ishin no Kai (Partido da Restauração do Japão). Ao mesmo tempo, a Dieta cria dificuldades para a autorização para que o governo japonês financie o seu déficit público equivalente a US$ 479 bilhões neste corrente exercício que vai até março de 2013, pressionando o primeiro-ministro Yoshihiko Noda a antecipar as eleições gerais, como até noticiado no Financial Times. Tudo isto cria uma crise aguda no Japão, que enfrenta problemas para a sua recuperação econômica, que não pode contar com as suas exportações para a China nem com ativas colaborações de suas empresas instaladas naquele país vizinho.

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Yoshihiko Noda                            Shintaro Ishihara                    Toru Hashimoto

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O Programa Para a Indústria Automobilística

26 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Na política de desenvolvimento industrial de um país, os recursos sempre escassos procuram ser alocados nos segmentos onde cada economia conta com maiores possibilidades de ser competitiva. A indústria automobilística, dentro de uma perspectiva de prazo razoável, ficou com a imagem que conta com um mercado interno expressivo, e os componentes que necessita possuem um largo espectro, beneficiando muitos outros setores, ainda que não sejam mais os mais intensivos no uso de recursos humanos. No passado, eles utilizavam matérias-primas abundantes no país, como as chapas de aço e uma mão de obra de qualificação média. Hoje, utilizam mais chapas de alta tecnologia, componentes plásticos e de eletrônicas embarcadas e a produção brasileira não chega a ser competitiva internacionalmente.

Compreendem-se medidas pontuais que preservem os empregos já existentes no setor, com reduções tributárias que vão se tornando cada vez mais permanentes, até porque o Brasil enfrenta a necessidade de redução da carga tributária, que vai sendo feito paulatinamente por setores. Mas, dentro de uma política industrial, os estímulos para a sua ampliação só se justificam se forem competitivas nos mercados externos, pois sempre contam com importações de equipamentos e componentes, que precisam ser honrados com moedas estrangeiras geradas pelas exportações. O que se pode discutir é se ela produz mais vantagens vis-a-vis frente a outros setores industriais para a economia brasileira, pois a quase totalidade das montadoras são empresas estrangeiras.

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O Salão do Automóvel atrai grande público. A presidente Dilma também visitou o evento

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Dificuldades Com os Hábitos Alimentares

24 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Aprecio e respeito as posições como as que Nina Horta expressa na sua coluna semanal no suplemento Comida da Folha de S.Paulo. No entanto, sou daqueles que admitem que as mudanças impostas pelos estilos de vida urbana, com o uso de veículos e uma vida mais sedentária nos apartamentos e escritórios, há que se aperfeiçoar também os hábitos alimentares, para preservar a qualidade de vida. Quando estávamos sujeitos a maior quantidade de caminhadas, debaixo de um sol implacável, com grande dispêndio de forças nas atividades rurais, o consumo de maior quantidade de sal, gorduras e açúcares eram facilmente eliminados na forma de suores e gastos de energia.

Com a vida sedentária de muitos, para a preservação da saúde há que se reduzir o consumo do sal, das gorduras e dos açúcares, para evitar os problemas que estão se constatando, como o aumento dos problemas cardíacos, circulatórios de todos os tipos, bem como de obesidade mórbida que está se manifestando até nos adolescentes. Isto não se observa somente no Brasil, mas em muitos lugares do mundo, onde se consome muito “junk food” diante das telinhas, e desde a infância os jogos eletrônicos acabam reduzindo os exercícios físicos.

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O Difícil Problema do Combate à Corrupção

24 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 1 Comentário »

Ainda que o processo judicial no Supremo Tribunal Federal do Brasil que ficou conhecido como o do “mensalão” não esteja totalmente concluído, já começaram a serem estabelecidas as primeiras penas aos réus que podem sofrer somente pequenas correções, demorando alguns meses até a publicação do acórdão final. Este processo está indicando a maturação política do Brasil, onde muitos não acreditavam que políticos importantes fossem condenados e que implicou num demorado prosseguimento das ações judiciais, para que se fizesse a justiça de forma irrecorrível, cumprindo os ritos indispensáveis. Muitos réus acreditavam que estariam livres das punições diante de decisões políticas, não se dando conta que estes processos judiciais continuavam caminhando, ainda que de forma demorada. Todos concordam que este processo é um dos marcos mais importante da evolução da justiça brasileira, numa clara demonstração de sua posição no combate à corrupção, evento raro no mundo.

Muitos dos atuais ministros do Supremo Tribunal Federal foram indicados pelos Executivos do governo que têm alguns dos seus membros atingidos, e foram confirmados pelo Legislativo que os sabatinaram. Gozando de total independência, expressaram suas convicções, havendo alguns que foram totalmente absolvidos, outros foram beneficiados pelo empate nas votações dos ministros, e muitos serão condenados, inclusive com penas duras por mais de uma irregularidade. O Supremo procura dar sinalizações para o futuro, mostrando uma clara tendência que será implacável nos julgamentos de eventuais crimes. Espera-se que isto ajude a inibir tais procedimentos, mostrando que o Brasil não é um país onde seus poderosos ficam impunes.

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Inovações foram introduzidas, para surpresa de muitos advogados de defesa dos réus, que mantinham a tradicional posição da necessidade de provas cabais, no processo a favor dos seus constituintes. A acumulação de diversos indícios, baseados em denúncias e testemunhos verbais, foi aceita como evidências para a caracterização de alguns crimes.

Evidentemente, haverá outros desdobramentos, com processos que visarão outros grupos, em situações semelhantes ao que está sendo julgado. Não se trata de um processo político-partidário, mas de uso irregular de recursos públicos e privados para atividades políticas, onde eles ocorrerem.

Dada a natureza humana, não se espera que todas as corrupções sejam evitadas, mas parece legítimo que haja uma redução de suas possibilidades. A impunidade acaba estimulando a sua proliferação, criando hábitos e até uma cultura de flexibilidade na sua aceitação. Espera-se um ponto de inflexão, a partir do qual haja uma redução substancial destas práticas.

Espera-se que haja um reconhecimento internacional destas decisões brasileiras, mostrando que o Brasil procura se diferenciar de muitos países onde estas práticas ainda são correntes. Espera-se que isto se torne parte da cultura brasileira, onde algumas permissividades acabam comprometendo o comportamento das futuras gerações, começando pelos delitos de pequeno porte, mas que acabam desaguando em crimes de maior gravidade.


Grandes Confusões de Analistas do Setor Financeiro

24 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Rucher Sharma é o chefe do setor de Mercados Emergentes e Macro Global do Morgan Stanley Investment Management e escreveu o seu artigo sobre a quebra dos BRICS no Foreign Affairs, que acaba chamando a atenção de muitos leitores dada à importância deste site. Ainda que existam informações interessantes sobre as dificuldades que vêm sendo enfrentadas por muitos países de grandes dimensões considerados emergentes e agrupados na sigla BRICS, sua análise parece englobar alhos e bugalhos, mostrando toda a frustração de analistas envolvidos com os segmentos financeiros, muitos que acreditaram que a simples inclusão nesta sigla provocaria, com um passe de mágica, o seu desenvolvimento. Muitos operadores devem ter perdido com suas aplicações financeiras nos papéis destes países.

Ele se baseia num levantamento efetuado pelo conhecido economista Dani Rodrik, de Harvand, mostrando que das 180 economias acompanhadas pelo FMI – Fundo Monetário Internacional somente 35 são de países desenvolvidos. Apesar das esperanças de muitos países emergentes, desde o final da Segunda Guerra Mundial, as diferenças das rendas per capita em 2011 voltaram ao que eram em 1950. Mas, o seu longo artigo, mistura pequenos países como Cingapura, Taiwan, Hong Kong ao lado de gigantes como a China e a Índia, acabando por dificultar a compreensão dos problemas que estão sendo enfrentados, que diferem substancialmente de um país para outro. Ele se prende somente à renda per capita, mostrando que não há diferenças entre democracias e países autoritários. A única conclusão que parece ser possível é que agrupar países tão diferentes pouco esclarece sobre a compreensão dos seus complexos problemas de desenvolvimento.

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Intercâmbio Comercial do Brasil com a China

23 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 2 Comentários »

Marta Watanabe, jornalista do Valor Econômico, publica um interessante artigo na edição de hoje, referindo-se, com base nos dados até agosto último, que a China ultrapassou os Estados Unidos e a Argentina como a principal fonte das importações brasileiras, utilizando dados da Funcex e do MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Utiliza informações fornecidas por Welber Barral para mostrar que os produtos importados da China não são mais quinquilharias, mas produtos intermediários, inclusive de bens de capital, como decorrência dos investimentos dos grupos chineses que estão sendo feitos no Brasil.

Segundo o artigo, os negócios intracompanhias estão aumentando, como já ocorreu em outros países, nas empresas automobilísticas que traziam alguns modelos e componentes do exterior, ao mesmo tempo em que promovia a exportação de outros. Não parece que o caso chinês se enquadra dentro deste esquema, ainda que algumas empresas como a SANI, de equipamentos pesados para a construção civil, já promovem a importação de máquinas e componentes, sendo difícil que faça o mesmo a partir do Brasil.

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Gráfico publicado no Valor Econômico

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Investimentos Estrangeiros na África

23 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , , | 2 Comentários »

O The Economist desta semana publica dois artigos importantes sobre a África. Um aponta as dificuldades que começaram a se manifestar na África do Sul, que representa 40% da economia daquele continente e outro mostra, num contraste, o boom econômico que está se observado na grande região subsaariana, com investimentos asiáticos bem como interesses brasileiros. Ao mesmo tempo, especialistas nestas regiões, como Jean-Michel Severino e Emilie Debled, publicam no Project Syndicate um artigo que indica que das dez economias mais rapidamente crescente em 2011, seis estão na África, enquanto a dívida externa do continente que era de 63% do PNB em 2000 caiu para 22,2% no ano passado e a inflação que era de 15% baixou para 8%.

Ainda que estes dados sejam impressionantes, eles, que são bem-vindos, exigem alguns cuidados nas suas apreciações. Muito deste crescimento está fortemente ligado ao petróleo e matérias-primas minerais, cujas receitas costumam estar concentradas em poucas mãos, e, na medida em que se observa o desenvolvimento, as tensões, como da África do Sul, acabam se expressando. Evidentemente, o continente pode ser considerado o último reduto onde a disponibilidade de recursos naturais, inclusive solos cultiváveis, é abundante, e muitos dos consumidores dos seus produtos estão interessados nos investimentos, com destaque para a China.

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Geograficamente, muitos países cabem no continente africano

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Dados Sobre o Atual Baixo Crescimento Brasileiro

22 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Samuel Pessoa, competente economista da FGV – Fundação Getúlio Vargas, publicou neste fim de semana na Folha de S.Paulo um artigo agrupando alguns dados de crescimento econômico, dividindo por períodos entre 1994 a 2002, 2002 a 2010 e 2011 a 2012, relativos à América Latina e alguns países da região. Ele se baseia nos dados divulgados pelo FMI – Fundo Monetário Internacional e enfatiza que o Brasil está registrando um crescimento recente abaixo dos seus vizinhos, e que o assunto deverá ser analisado com profundidade no futuro próximo.

Estes dados são difíceis de serem contestados, mas parece que a ligação direta com a política econômica adotada nestes períodos parece apresentar dificuldades. Neste período, com todos os pesares, houve uma mudança significativa nos segmentos da população brasileira que ascenderam economicamente, com uma boa melhoria na distribuição de renda pessoal e regional que sempre foi precária, e continua abaixo do desejável. O Brasil consolidou a sua democracia, o que ainda apresenta dificuldades em muitos países vizinhos, que perseguem caminhos semelhantes.

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Samuel Pessoa, da FGV

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Nem Sempre o Desejo Corresponde à Realidade

22 de outubro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Marcos Caramuru de Paiva, num brilhante artigo publicado na sua coluna na Folha de S.Paulo, expressa a sua aspiração, que é de muitos, para que os intensos interesses econômicos entre a China e o Japão levem a um entendimento na disputa de ilhas entre os dois países. O sonho que vinha se montando é o da formação de um acordo de investimentos que evoluiria para uma zona de livre comércio envolvendo também a Coreia do Sul. No entanto, parece que as disputas de ilhas entre os dois países despertaram os sentimentos nacionalistas que foram agravados durante as guerras do século XX, difíceis de serem apaziguados, notadamente na China.

Nos grandes centros metropolitanos da China ao longo da costa, estes problemas estão minorados pelos intensos interesses comerciais, notadamente entre os jovens que não viveram os dramas passados. No entanto, como já afirmava Charles De Gaulle, existe uma “France profonde” como também no “Green belt” norte-americano, muitos dos sentimentos da população restringem-se aos nacionais e locais. O mesmo parece acontecer no interior do Japão e da China, onde é possível detectar a alma de sua população. Somente admitindo estas diferenças é que se pode chegar a uma forma de convivência respeitável entre um país desenvolvido economicamente e outro emergente de todos os pontos de vista.

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Marcos Caramuru de Paiva

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