Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A China em Explosão de Cores e Flores

7 de abril de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , ,

De meados de março a fins de abril, imensos campos no centro e sudoeste da China se cobrem de espetacular amarelo ouro. É a explosão de flores de colza (cole, rapeseed, brassica, nanohana – pelos países do hemisfério norte). Planta forrageira, usada desde tempos imemoriais para alimentar gado, produz semente oleaginosa, muito substanciosa. Conseguiu-se minimizar sua toxicidade ultimamente, através de melhoramento genético como o da Canola, desenvolvido no Canadá. Muitos países a utilizam para produzir óleo comestível e biodiesel. A China é um dos grandes produtores, sendo a província de Yunnan uma das maiores.

Na primavera, as flores de colza, carregadas de pólen, fazem a alegria das abelhas. Tanto que, onde existe plantação de colza, proliferam fazendas de mel paralelamente. Devido ao alto fator pólen, muitos países estabelecem restrições para o seu cultivo, afastando-o de limites urbanos; podem causar sérios problemas respiratórios e alérgicos. No Japão, folhas tenras de colza são muito apreciadas. Chamadas nanohana, lembram folhas de mostarda com sabor de brócolis; conserva de nanohana em farelo salgado (nukazukê) é comida artesanal típica da região de Kansai (Quioto e adjacências). Mas as folhas precisam ser colhidas tenras, quase em meio à neve. Depois que vêm os botões e floresce, o nanohana é festa para os olhos: o seu amarelo, em muitos lugares do Japão, contrasta com as flores da cerejeira.

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Uma flor considerada quase símbolo da China é a peônia. Sedutora e aristocrática, embeleza jardins e parques de todo o continente; motivo para pinturas desde tempos clássicos, é apreciada também para padronagens de tecidos. O Festival da Peônia de Luoyang, na província de Henan, entre abril e maio, é imperdível. Nessa época, dezenas de outros festivais de flores acontecem por toda a China: ameixeiras (apricot), pessegueiros, magnólias yulan (no Japão, beni mokuren), camélias, azáleas, cerejeiras etc. E tulipas: introduzidas da Holanda, hoje são cultuadas em todo o leste asiático.

Porém, não é preciso viajar pelo país para apreciar toda a magia da primavera. Parques de Beijing também promovem festivais, cada qual focado em uma flor. Longe foram os dias da Revolução Cultural, quando manter jardins e gramados, e apreciar flores era considerado ignomínia da elite, como relembra a escritora Jung Chang sobre sua infância, em “Cisnes Selvagens”. Na Campanha Anual Voluntária para o Plantio de Árvores (2 de abril este ano), o presidente Hu Jintao e líderes do partido se juntaram a crianças e a quase dois milhões de residentes de Beijing; com pá e regador à mão, ajudaram a plantar árvores, em evento televisionado para todo o país (China Daily).

Na “primeira visita de peso ao exterior”, a comitiva presidencial e empresarial brasileira chega a Beijing numa época de singular esplendor. Se pólen ou chuva não atrapalharem, almeja-se que o encanto da primavera ajude positivamente nas discussões. Os brasileiros levam uma bem aparelhada “coleção de queixas e reclamações”, segundo o jornalista Clovis Rossi (Folha de S.Paulo), enquanto chineses aguardam com bem arrumadas bandejas de propostas e planos de cooperação. Mesmo se nem tudo navegar em mar de peônias, quer dizer, de rosas para os brasileiros, vamos torcer para que eles possam concretizar alguns bons e sólidos negócios da China.


Volta à Normalidade no Japão

6 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos, Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

Num site como www.web-town.org/ é possível saber, em português, como é o cotidiano dos brasileiros que vivem no Japão, onde do exterior se imagina que muitos se encontram em pânico. Muitos dos depoimentos constantes do site mostram que, há semanas, a vida vem retornando ao normal, com as limitações e preocupações do dia a dia. É evidente que existem preocupações com as radiações noticiadas com destaque no exterior, mas é possível notar que outros problemas como o emprego, com os racionamentos, com as doações para as vítimas, os trabalhos voluntários etc. ocupam mais espaço neste site.

Mas é quando um jornal econômico importante como o Nikkei, que distribui muitos milhares de exemplares diariamente, sendo lido por todos os empresários, políticos e formadores de opinião, registra que as floradas das cerejeiras explodem em Tóquio, que se pode concluir que a vida no Japão está voltando ao normal, ainda que de forma contida.

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PARA QUE NÃO DIGAM QUE FALEI DE FLORES… SÓ DO JAPÃO

6 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Turismo | Tags: , | 2 Comentários »

O site da Folha de S.Paulo, no seu setor de turismo, dá uma ótima dica sobre as famosas tulipas, que encantam a todos nesta primavera do Hemisfério norte, que em menor escala está reproduzida na Holambra, no Estado de São Paulo. Os que desejarem podem acessar diretamente: http://www.keukenhof.nl/en/ , mas aproveitem também uma pequena amostra.

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Todos que pensam que encontrarão flores encantadoras somente nos trópicos, como na Mata Atlântica de onde são originárias muitas orquídeas,  poderão ser surpreendidos com os jardins do Hemisfério norte, no Japão, na Holanda ou nos Estados Unidos, pois a admiração da beleza é coisa universal, e faz bem à alma. O que sabemos fazer no Brasil é trabalhar duro, mas também saber viver…


Aprendendo a Conviver com o Belo na Adversidade

6 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais | Tags: , ,

Uma amiga jornalista brasileira no Japão mandou-me uma mensagem hoje pela manhã, já noite naquele país, que iria dormir pela primeira vez mais tranquila com a notícia da redução do despejo das águas radioativas das usinas de Fukushima Daiichi no mar. Refleti que neste corre-corre dos últimos dias todos só estamos ligados às notícias mais trágicas, sem a capacidade de apreciar também o belo. Morei no Japão por um tempo, e tenho visitado o país regularmente, mas quase sempre envolvido com os trabalhos não tive a capacidade de notar que neste início da primavera há mais que o sakura, como posto abaixo, para deleite de todos nós.

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O Copo Está Meio Cheio

5 de abril de 2011
Por: Samuel Kinoshita | Seção: Depoimentos | Tags: , , | 2 Comentários »

Reveladas suas primeiras decisões, o que devemos esperar da administração Dilma Rousseff? Acredito que as indicações são positivas e que existem motivos para otimismo. Argumentarei que alguns dos problemas que enfrentamos são desafiadores, mas que o cômputo geral é superior ao que vem sendo retratado pelos analistas.

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Perplexidade Econômica Mundial

5 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , , | 2 Comentários »

Os noticiários dos principais jornais econômicos do mundo relatam inúmeras reuniões em vários organismos nacionais e internacionais em muitos lugares. É na OECD, no BRICs, no G7, no G20, no FMI e em muitos países. Todos procuram entender o que está acontecendo de forma complexa e integrada, e estudam medidas que possam minimizar as dificuldades atuais e do futuro próximo. Mas estão todos perplexos, sem um consenso do que pode ser feito para reduzir as distorções.

A atual evolução dos problemas no mundo árabe afeta o mercado de petróleo que deve permanecer num patamar elevado. As dificuldades japonesas acrescentam preocupações e custos com as fontes de energia atômica em todo o mundo. Muitas rotas vitais para os sistemas logísticos mundiais acrescentam riscos e custos. As pressões inflacionárias decorrentes das principais commodities continuam presentes, agravadas pelas demais incertezas.

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O sistema financeiro internacional resiste a uma regulamentação, ainda que os fluxos estejam se tornando incontroláveis, afetando os câmbios. Muitos governos estão desgastados politicamente, e com dívidas públicas elevadas. Tudo acrescenta os riscos no mundo globalizado que estava tentando se recuperar.

As autoridades de cada país enfrentam problemas sobre os quais não possuem poder suficiente para neutralizá-los, como os das pressões inflacionárias. Nos organismos internacionais, não se consegue obter um razoável consenso para a tomada de decisões gerais. A desejável cooperação mundial só ocorre em alguns casos extremos, com substanciais conflitos de interesses.

Alguns economistas desejam restrições monetárias ainda que seus danos sobre o crescimento da economia sejam pesados. Outros acreditam que intervenções governamentais podem minorar os problemas com menores custos. A única realidade é que o poder do sistema bancário privado internacional continua intacto, apesar da crise que eles provocaram em 2008. Seus lucros continuam sendo elevados, enquanto o setor produtivo continua arcando com a maioria dos encargos.

Muitas autoridades monetárias, mundo afora, se veem limitados nas suas ações diante da possibilidade das suas economias serem fortemente afetadas pelas violentas mudanças dos fluxos financeiros, nos seus câmbios e seus juros. O que era um instrumento financeiro parece ter se tornado o foco do problema, deixando que a tecnologia, a produção, o bem-estar da população sejam meros apêndices. O poder político parece acuado.

Algo parece fora do lugar necessitando-se de um equilíbrio mais razoável na governança mundial, sem que se saiba ainda exatamente de que forma se possa atingi-lo.


Informação Didática Sobre a Radiação

5 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Mais que naturalmente, muitos dos brasileiros que possuem parentes ou amigos no Japão ficam preocupados com os problemas de radiação que continuam naquele país, e seus efeitos sobre os seres humanos. Das muitas apresentações sobre o assunto a que assisti, o que consta do site http://www.web-town.org/comunidade.php, prestado pelo dr. Eduardo Nóbrega, que incluímos na forma de vídeo abaixo, pareceu-me o mais claro.

Estas informações estão sendo dadas neste site, pois além de aprendermos um pouco mais sobre o assunto, parece útil para todos, mesmo para aqueles que não se encontram no Japão. Os que lá se encontram estão mais tranquilos sobre o assunto, que aparenta estar sob maior controle, mas incomodados com a contínua sequência de tremores que se repetem, ainda que todos tenham notado que os edifícios japoneses resistem aos mais violentos abalos.


Tecnologia a Serviço da Humanidade

4 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: , , | 4 Comentários »

Onde os seres humanos não devem trabalhar, devido aos altos riscos, como nas áreas contaminadas pelas radiações no Fukushima Daiichi, ou em águas profundas do Atlântico, a cerca de 4.000 metros, foram utilizados equipamentos de alta tecnologia semelhantes aos robôs. No http://cryptome.org/eyeball/daiichi-npp2/daiichi-photos2.htm pode se encontrar, entre outras, as fotos que foram obtidas com o uso do UAV (avião de controle remoto), que tem a aparência simples de um aeromodelo que as crianças utilizam nos parques públicos, mas que estão dotados de poderosas câmeras digitais de alta definição. O local era arriscado, não somente pela radiação, como pelas torres que exigiriam habilidades elevadas dos pilotos, mesmo de helicópteros para se obter estas fotos.

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No caso da localização dos restos do Airbus do vôo AF447 nas profundezas do Atlântico, foi utilizado o submarino robô Remus, que continua procurando a “caixa preta”, importante para saber exatamente o que aconteceu com aquela aeronave, para que desastres futuros sejam evitados. Alem da recuperação de muitas partes da aeronave foram localizados alguns corpos de vítimas do acidente.

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Como estes exemplos, existem muitas tecnologias de ponta que podem ser utilizadas, não sujeitando seres humanos, ainda que eles estejam determinados a executar seus trabalhos mesmo com o risco de suas vidas. Ainda existem muitos trabalhos a serem realizados em ambos os casos, mas o emprego de equipamentos como estes podem facilitar muitas das tarefas mais arriscadas.

Estes desenvolvimentos continuarão no futuro, para operações em localidades com condições adversas, como na preservação da segurança nas operações do pré-sal, na costa brasileira. Os cuidados ambientais envolvidos devem ser multiplicados e exigem constantes inspeções preventivas, pois está se atuando no limite do conhecimento humano.

O uso da energia atômica, ainda que contrariando muitos que o considera exageradamente arriscado, vai continuar, inclusive na medicina para preservar vidas. As tecnologias para tanto continuam avançando, mas sempre apresentem riscos cada vez menores.


Tempo de Florir e Tempo de Renascer

4 de abril de 2011
Por: Naomi Doy | Seção: Depoimentos | Tags: , , , | 8 Comentários »

“Abril é o mais cruel dos meses,

Fazendo da terra morta florir lilases;

O inverno nos manteve aquecidos,

Cobrindo a terra com neve que tudo faz esquecer…”

(Terra Devastada, 1922 – T.S.Eliot, 1888-1965)

Nunca este poema do poeta anglo-americano nos tocou tão profundamente como nos dias atuais. Aos seus olhos, o ressurgir da primavera é tanto mais pungente quando da natureza deteriorada desabrocha o delicado perfume das primeiras flores. Talvez o poeta contemplasse paisagem dos sombrios dias da Primeira Grande Guerra – quando milhões perderam casas, entes queridos, e esperanças. Mas a imagem da ressurreição está presente nos delicados lilases contrastando com um mundo árido e fragmentado.

Um repórter da NHK, transmitindo notícias diretamente da devastada cidade litorânea de Kesen-numa, província de Miyagi, apontou a câmera para uma solitária cerejeira nua que teimava em permanecer de pé em meio aos escombros. Observando com atenção, porém, na ponta de galhos castigados apontavam alguns botões prestes a abrir. Pelo que cerejeira em flor significa para a cultura e a alma japonesas, o repórter mal conseguia disfarçar a emoção: “Mesmo na devastação, o sakura quer florescer a qualquer custo; aí está o verdadeiro espírito do Japão neste momento”. Não deu para não relembrar o pungente poema de Eliot.

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DOAÇÕES PARA O JAPÃO

4 de abril de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Destaque | Tags: , , ,

Doações para as vitimas dos terremotos, tsunami e radiações no Japão:

BANCO 237 – BRADESCO

AGÊNCIA 3392 – 8

CONTA CORRENTE 11447 – 2

SOCIEDADE BRASILEIRA E JAPONESA DE BENEFICÊNCIA SANTA CRUZ

CNPJ – 60.552.098/0001-11

Estas doações serão enviadas para:

Kaigai Nikkeijin Kyoka (entidade oficial) – Associação dos Japoneses no Exterior

Esta instituição esta isenta de impostos, pois no Japão até as doações são tributadas. Estes recursos serão enviados diretamente para as províncias mais afetadas, para atender suas vítimas desalojadas e seus feridos.